segunda-feira, 11 de maio de 2020

Coreia do Sul: segunda vaga de Covid-19?

Seul encerrou de novo a 11 de Maio bares e discotecas, abertos desde 6 de Maio, temendo uma segunda vaga da pandemia de Covid-19. REUTERS - YONHAP
Texto por: Isabel Pinto Machado com AFP     RFI

A Coreia do Sul registou esta segunda-feira, 11 de Maio, 35 casos positivos de Covid-19 o maior número num mês desde Março, esta segunda vaga da pandemia, após o desconfinamento parcial, surgiu num bairro boémio de Seul, após a reabertura dos bares e discotecas.

Na Coreia do Sul a vida começava progressivamente a voltar à normalidade, mas no último fim de semana o governo decretou o encerramento de alguns locais públicos em Seul, na província vizinha de Gyeonggi e na cidade de Incheon, pois as autoridades temem uma segunda vaga da pandemia de Covid-19 no país.

Nesta segunda-feira (11/05) a Coreia do Sul registru 35 novos casos positivos à Covid-19, aumentando o número de pessoas positivas ao novo coronavírus SARS-CoV2 para 10.909, segundo os centros sul-coreanos de controle e prevenção de doenças.

Há 12 dias, o paí­s registava poucos casos, mas a situação evoluiu neste fim de semana e esta segunda-feira (11/05) são cerca de 2.000 pessoas que poderão ter sido contaminadas por um paciente de 29 anos, testado positivo, após ter frequentado no início de Maio pelo menos cinco bares e/ou discotecas em Itaewon, um dos bairros mais animados da vida nocturna de Seul, escreveu num tweet o edil de Seul, Park Won-soon.

O problema é que este bairro é muito frequentado pelo comunidade homosexual, o que desde logo suscitou comentários de cariz homófobo, nas redes sociais e na imprensa, o que vai dificultar a identificação de novos casos, num país onde a homosexualidade é estigmatizada.

O primeiro-ministro Chung Sye-kyun afirma que o objectivo agora é identificar os milhares de pessoas,que frequentaram esses estabelecimentos, para que as autoridades possam encontrar e isolar os contaminados, mas este fim de semana apenas 637 se manifestaram e foram testadas, o equivalente a um terço.

Esta situação gera uma reviravolta na Coreia do Sul, onde o regresso progressivo à normalidade tinha começado, depois de uma gestão considerada "exemplar" da pandemia.

Coreia do Sul elogiada pelo método utilisado na prevenção da pandemia de Covid-19

Em Fevereiro, o país chegou a ser o segundo mais afectado pelo novo cornavírus a seguir à China, mas as autoridades sanitárias adoptaram uma estratégia considerada exemplar, sem colocar toda a população em quarentena, como o fizeram vários paí­ses.

O método sul-coreano consistiu em detectar os possí­veis infectados e isolá-los, submetendo-os a testes e tratamento em caso de terem sido contaminados, método que aliado à responsabilidade da população nas medidas de distanciamento social e protecção, bem como ao uso de tecnologias como drones e outros, foi alvo de elogios.

Estas medidas, estrictamente respeitadas pela população, limitaram o número de mortos de Covid-19 a 256 pessoas, num país de 50 milhões de habitantes e permitiram mesmo a realização de eleições legislativas, sem que o número de casos tivesse aumentado.

Na última quarta-feira (6/05), o governo anunciou o relaxamento de algumas medidas impostas em Março para conter a propagação da pandemia: museus e galerias reabriram e recomeçaram mesmo os campeonatos de futebol e basebol, apesar de à porta fechada e sem publico presencial.

Reabertura das escolas adiada ? 

As escolas deveriam reabrir esta quarta-feira (13/05), mas as autoridades ainda não anunciaram se o aumento das contaminações pode comprometer o regresso progressivo à normalidade.

A exemplo do que acontece em França e noutros países europeus, mães e pais de alunos estão preocupados com a situação e numa petição online publicada no site da presidência sul-coreana, 150 mil pessoas pedem um adiamento do início das aulas.

O novo foco da pandemia na capital Seul, não ajuda a acalmar os ânimos e por precaução o autarca de Seul pede o adiamento duma semana para a reabertura das escolas.

O ministério sul-coreano da educação deve pronunciar-se oficialmente sobre este adiamento esta terça-feira (12/05) mas ao que tudo indica, as actividades escolares devem provavelmente ser adiadas com o aumento das contaminações no país.

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