Adis Abeba, 24 abr 2020 (Lusa) - Os compromissos de financiamento destinados ao esforço da União Africana para o combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus ascendem a 61 milhões de dólares (56 milhões de euros) depois de novas contribuições anunciadas esta semana.
De acordo com o comunicado final de uma reunião virtual do conselho alargado da União Africana, hoje divulgado, os compromissos financeiros destinados, por países e instituições africanas, ao Fundo Covid-19 e ao reforço das capacidades do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças (África CDC) passaram de 16 milhões de dólares (14 milhões de euros) em março para 61 milhões de dólares em abril.
Dos 44,5 milhões de dólares (cerca de 41 milhões de euros) de novas contribuições, 12,5 milhões (11,5 milhões de euros) destinam-se ao Fundo Covid-19 e 32 milhões (29,6 milhões de euros) são para reforçar os meios do África CDC.
República Democrática do Congo (4 milhões de dólares), Senegal (2 milhões de dólares), Ruanda (1 milhão de dólares), Zimbabué (2 milhões de dólares), Banco Africano de Desenvolvimento (26 milhões de dólares), Fundação Motsepe da África do Sul (6 milhões de dólares), Afreximbank (3 milhões de dólares) e Banco de Comércio e Desenvolvimento da África Austral (500 mil dólares) são os novos contribuintes.
Anteriormente, quatro países membros da organização tinham anunciado contribuições no valor de 16,5 milhões de dólares, 11 milhões destinados ao fundo e 5,5 milhões (4, 3 milhões de euros) para reforçar o orçamento do África CDC.
Egito (6 milhões de dólares), Quénia (3 milhões de dólares), Mali (1,5 milhões de dólares) e África do Sul (6 milhões de dólares) foram os primeiros países a contribuir para o fundo.
O Egito e a África do Sul são os dois países membros da organização pan-africana com mais casos registados de infeções pelo novo coronavírus.
Até ao momento não são conhecidas contribuições de países africanos lusófonos - Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - para os esforços de combate à pandemia da União Africana (UA).
O conselho alargado da UA, presidido pelo chefe de Estado da África do Sul e presidente em exercício da organização, Cyril Ramaphosa, esteve reunido com os líderes empresariais africanos para discutir o papel do setor privado na resposta à pandemia.
Na reunião participaram, além do Presidente da África do Sul, os chefes de Estado do Senegal, República Democrática do Congo, Egito, Quénia, Mali, Ruanda e Zimbabué e o primeiro-ministro da Etiópia, bem como o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, e vários comissários da organização.
Cyril Ramaphosa salientou, durante o encontro, além crise de saúde pública causada pela covid-19, os impactos socioeconómicos "devastadores" da pandemia nos países africanos.
Por isso, defendeu a necessidade, de um "apoio rápido e concreto dos parceiros internacionais" para garantir que os fluxos comerciais e de investimento "não sejam ainda mais perturbados" durante, o que considerou, um "extraordinário choque externo global".
Os chefes de Estado e de Governo e os líderes empresariais defenderam "um congelamento" da dívida pública africana durante dois anos, bem como a apresentação de uma proposta para resolver o problema da dívida privada.
O Presidente Ramaphosa salientou igualmente a importância de levantar todas as sanções internacionais contra o Zimbabué e o Sudão para permitir que estes países possam ter recursos para lutar contra a pandemia.
Na sequência da reunião, o Presidente do Senegal, Macky Sall, anunciou em comunicado ter sido nomeado para dirigir a 'task force' de chefes de Estado de África no quadro das negociações para a anulação da dívida africana, mas o comunicado final do encontro não faz qualquer referência à sua nomeação.
As mortes por covid-19 em África subiram para 1.300 nas últimas horas num universo de mais de 27.800 casos confirmados em 52 dos 55 países e territórios que integram a União Africana.
Do total de infeções registadas, 7.633 doentes já recuperaram.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas. Mais de 720 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Por Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário