© LusaPor LUSA 11/10/22
Os bombardeamentos russos de várias cidades na Ucrânia, na segunda-feira, "podem ter violado" as leis da guerra e equivaler a crimes de guerra se "foram intencionalmente visados" alvos civis, declarou hoje a ONU.
"Pedimos à Rússia que se contenha perante qualquer escalada" de violência, disse a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, numa conferência na sede da ONU em Genebra.
A organização considera particularmente inquietante os alvos atingidos - alvos civis - bem como o momento escolhido para bombardear os alvos na Ucrânia, em horas de grande movimento de pessoas nas ruas.
O gabinete de direitos humanos da ONU confirmou hoje que pelo menos 12 pessoas foram mortas e mais de uma centena feridas nos bombardeamentos russos de segunda-feira em cidades ucranianas, sublinhando que muitos dos projéteis visaram alvos civis, o que viola o direito internacional.
As autoridades ucranianas avançaram números mais elevados de vítimas, com 19 mortos e 105 feridos.
A porta-voz disse que os ataques a Kyiv, Dnipropetrovsk, Zaporijia, Sumy e outras áreas causaram danos em pelo menos 12 infraestruturas energéticas e algumas foram destruídas, outra indicação de ataques deliberados a alvos civis.
"Estes ataques, com o inverno à porta, levantam preocupações sobre a segurança de civis e populações vulneráveis", alertou Shamdasani, que sublinhou que tornar alvos as infraestruturas indispensáveis à sobrevivência da população "é proibido pelo direito humanitário internacional".
"Exortamos a Federação Russa a abster-se de uma nova escalada no conflito e a pedimos que tome todas as medidas necessárias para evitar baixas civis e danos em infraestruturas não militares", concluiu a porta-voz.
Mísseis, foguetes e drones russos caíram sobre a Ucrânia em retaliação pelo ataque, "terrorista", segundo o Presidente russo, Vladimir Putin, que destruiu parcialmente a ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada em 2014.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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As forças russas bombardearam hoje uma infraestrutura energética no oeste da Ucrânia, num novo ataque que deixou 30 por cento da cidade de Lviv sem eletricidade, disseram as autoridades locais.
O governador da região de Lviv, Maksym Kozytski, disse que se registaram "três explosões em dois locais de infraestruturas na região", segundo a agência noticiosa francesa AFP.
O presidente da câmara de Lviv, Andriy Sadovy, disse que um "ataque de mísseis a infraestruturas críticas" deixou 30% da cidade sem eletricidade.
Lviv foi uma das áreas atingidas, na segunda-feira, por ataques maciços das tropas russas em várias partes do país, incluindo a capital, Kyiv.
O fornecimento de energia foi cortado na cidade de Lviv e em toda a região na segunda-feira, mas tinha sido restaurado hoje.
Os Serviços de Emergência do Estado ativaram hoje um alerta de ataque aéreo a nível nacional, noticiou a agência espanhola EFE.
"Atenção, ao longo do dia, há uma elevada probabilidade de ataques de mísseis em todo o território ucraniano", avisaram os serviços de emergência na rede social Telegram.
Além das habituais sirenes, os residentes de Kyiv foram surpreendidos hoje por um novo tipo de alarme sonoro nos telemóveis, que dispara automaticamente.
O alerta de som foi acompanhado por um texto de aviso sobre a possibilidade de ataques de mísseis, segundo a agência norte-americana AP.
A Força Aérea Ucraniana disse que bombardeiros russos Tu-95 e Tu-160 que operam sobre o Mar Cáspio lançaram mísseis sobre território da Ucrânia pelas 07:00 locais de hoje (05:00 em Lisboa), mas sem dar informações sobre os alvos.
Os bombardeamentos de segunda-feira provocaram 19 mortos e mais de uma centena de feridos, disseram as autoridades ucranianas.
Mais de 300 povoações foram atingidas pelos bombardeamentos russos nas regiões de Kyiv, Lviv, Sumy, Ternopil e Khmelnytsky.
O comando militar da região de Zaporijia informou que as tropas russas dispararam 12 mísseis contra instalações civis na cidade na noite passada, resultando numa morte.
Zaporijia, onde se situa a maior central nuclear da Europa, é uma das quatro regiões anexadas pela Rússia no final de setembro, juntamente com Kherson, Donetsk e Lugansk.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
As informações sobre a guerra divulgadas pelas partes em conflito não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
A atual guerra na Ucrânia foi desencadeada pela invasão russa do país, em 24 de fevereiro deste ano.