Apesar do anúncio de que o pagamento de subsídios em atraso estava a decorrer, a RFI apurou junto do colectivo de técnicos de saúde que eles optaram por avançar para a greve, agumentando que ainda não receberam nada nas respectivas contas
Hospital Simão Mendes, em Bissau. © RFI
Texto por: Mussá Baldé RFI Português 05/02/2021
Desde esta sexta-feira, os técnicos de saúde que actuam no combate à covid-19 estão a cumprir uma greve geral por tempo indeterminado. Os grevistas referem que só voltam a atender doentes e suspeitos de infecção pela doença se forem pagos a totalidade de cerca de 10 meses de subsídios em atraso.
Num comunicado emitido esta quinta-feira à noite, a Alta Comissária, a antiga ministra da Saúde guineense, Magda Robalo, refere compreender a reivindicação mas pede ponderação e compreensão, dada à situação provocada pela doença.
Na sua nota, Magda Robalo reconheceu que existem efectivamente atrasos no pagamento de subsídios aos técnicos que combatem a pandemia. A Alta Comissária esclareceu, contudo, que o pagamento já é uma realidade.
O Governo disponibilizou parte do dinheiro e os técnicos vão receber.
Magda Robalo explicou que inicialmente o Comissariado de luta contra a covid-19 era para funcionar com 312 técnicos, mas com o evoluir da doença no país, foi obrigado a recrutar mais técnicos, tendo neste momento 733 profissionais de saúde.
Apesar deste anúncio de que os pagamentos estavam a decorrer, a RFI apurou junto do colectivo de técnicos de saúde que eles optaram por avançar para a greve. Os técnicos afirmam que ainda não receberam nada nas respectivas contas bancárias e reiteram que só voltam a trabalhar com o pagamento integral dos cerca de 10 meses de subsídios em atraso.
De referir que o país continua a registar um número importante de infecções. De acordo com dados oficiais, só no mês de Janeiro, a Guiné-Bissau identificou 200 novos casos de infecção pela covid-19.
O boletim diário refere que foram detectados mais 29 novos casos nas últimas 24 horas, o que faz ascender o total das infecções a 2.691 desde o surgimento dos primeiros casos no passado mês de Março, com um balanço de 46 vítimas mortais.
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Bissau, 04 Fev 21 (ANG) – A Alta Comissária para covid-19 disse que o Ministério das Finanças já disponibilizou desde 03 de Fevereiro 746.936.667,00fcfa, destinado a liquidação da divida referente ao pagamento de técnicos de saúde implicados no combate a pandemia da coronavírus.A informação vem expressa num comunicado à imprensa da Alta Comissária de Covid-19, datado de 04 de corrente mês, à que a ANG teve acesso hoje.
Segundo o comunicado, o montante disponibilizado pelo Tesouro público corresponde ao pagamento de até Setembro de 2020.
Para a liquidação da dívida até Janeiro de 2021, com base na grelha salarial adoptada em Outubro de 2020, falta desembolsar um total de 480 milhões de fcfa.
Os referidos técnicos iniciaram esta sexta-feira uma greve de cinco dias, reivindicando o pagamento desses subsídios.
O número de técnicos envolvidos no combate a pandemia, segundo o comunicado, aumentou de 312 em Marco de 2020 para 733 em Agosto do mesmo ano.
"A semelhança de outras parte do mundo, a Guiné-Bissau vive a segunda vaga da pandemia de covid-19 tendo sido registado cerca de 200 novos casos da doença durante Janeiro findo, pelo que o país regressou ao estado de calamidade desde dia 22 de Janeiro do ano em curso”, refere o comunicado da Alta Autoridade de Luta Contra a Covid-19, cuja comissária reconhece o esforço consentido pelos técnicos envolvidos no combate a covid-19 e solicita a sua colaboração e compreensão no sentido de continuar a luta contra a pandemia no país .
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