© Lusa
POR LUSA 01/08/23
A Agência da ONU para Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) denunciou o ataque russo a um hospital em Kherson, na Ucrânia, onde hoje terão morrido seis profissionais de saúde, como uma "grave violação do direito humanitário internacional".
"O ataque inaceitável que danificou hoje um hospital em Kherson é apenas mais um exemplo das terríveis consequências da invasão da Rússia para civis na Ucrânia. Nem mesmo aqueles que prestam serviços vitais a pessoas cujas vidas foram dilaceradas pela guerra estão a ser poupados", disse a OCHA num comunicado.
O ataque russo contra um hospital em Kherson, hoje, matou um médico e cinco outros profissionais de Saúde, de acordo com a OCHA, destruindo quase totalmente o edifício.
A OCHA recorda que, desde o início da invasão russa, em fevereiro do ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já registou mais de mil ataques a serviços de saúde na Ucrânia, o que representa mais de 60% de todos os ataques contra assistência médica em todo o mundo.
"Isto tem um impacto imediato na capacidade das pessoas em aceder a serviços essenciais de saúde, no momento em que mais precisam deles. Em algumas partes do leste e sul da Ucrânia, incluindo Kherson, os serviços foram dizimados, já que nem metade dos hospitais ou clínicas permanecem em funcionamento", denuncia a agência das Nações Unidas.
A OCHA recorda que as instalações de saúde e os seus profissionais gozam de um estatuto de proteção especial, ao abrigo do direito humanitário internacional.
O chefe da administração militar da cidade, Roman Mrochko, afirmou hoje que uma das vítimas mortais era um jovem médico que havia começado a trabalhar há poucos dias.
O responsável militar ucraniano, cujas informações não puderam ser confirmadas de forma independente, acrescentou que o impacto, resultado do fogo de artilharia das tropas russas localizadas do outro lado do rio Dnieper, ocorreu por volta das 11:00 locais (09:00 em Lisboa).
Mrochko também publicou duas fotos que mostram uma instalação de saúde com o teto desabado e uma grande mancha de sangue no chão.
Por sua vez, a Procuradoria do distrito de Kherson confirmou a informação das autoridades locais e anunciou a abertura de uma investigação preliminar para um possível crime de guerra.
Na segunda-feira, três civis morreram em Kherson, reconquistada em novembro passado pelas forças ucranianas e que, desde então, tem sido regularmente bombardeada pela artilharia russa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.