A ONU na Guiné-Bissau adiou hoje um encontro com os líderes tradicionais sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável devido ao "período sensível" que o país atravessa, depois de críticas sobre alegado favorecimento a um candidato às presidenciais.
"Devido ao período muito movimentado e sensível que o país atravessa, esta reunião foi adiada para uma data a ser confirmada, em fevereiro de 2020", refere a ONU, em comunicado.
O encontro, organizado no âmbito da sondagem "O Meu Mundo", que recolhe as opiniões das pessoas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, deveria ter ocorrido hoje na Universidade Amílcar Cabral, em Bissau, com 130 líderes tradicionais guineenses.
Num comunicado, divulgado na quarta-feira ao final do dia, o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) considerou que a realização da reunião como um "frete político" da Missão Integrada da ONU para a Consolidação da Paz (Uniogbis) ao Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
"O Madem-G15 chama a atenção da Uniogbis em geral e da representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, em particular, pelas consequências e derrapagens que possam advir desta manobra de frete político ao PAIGC e do seu candidato de convocar líderes de opinião (régulos de todo o país) para uma reunião estranha, numa altura em que a Guiné-Bissau se prepara para a segunda volta das eleições presidenciais", refere aquele partido, líder da oposição no país.
O partido salienta também que "reserva-se ao direito de participar" junto do secretário-geral da ONU, em Nova Iorque, o "comportamento estranho e parcial da sua representação em Bissau".
A reunião da ONU em Bissau tinha como objetivo terminar a recolha dos dados de uma sondagem, que já recolheu mais de 21 mil respostas em todo o país, nomeadamente junto da comunidade empresarial, parlamento, artistas, jornalistas e sociedade civil.
A segunda volta das eleições presidenciais, marcada para 29 de dezembro, vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, e Umaro Sissoco Embaló, suportado pelo Madem-G15.
A União Europeia e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAo) também tinham anunciado para sábado a realização de uma marcha pela paz na Guiné-Bissau, mas o evento foi igualmente cancelado.
MSE // VM
Lusa/Fim
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