Duarte Bunghoma Sanhá, presidente de Comissão Negocial da greve dos quatro sindicatos do setor do ensino público da Guiné-Bissau, afirmou que as organizações sindicais já não têm confiança tanto na pessoa de Aristides Gomes quanto em nenhum dos membros do seu governo e ameaçam desencadear nos próximos dias uma paralisação de cinco dias, no fim da qual, de acordo com o sindicalista, será entregue ao governo um novo pré-aviso de greve de sessenta dias (janeiro e fevereiro) de 2020.
A posição dos sindicatos foi tornada pública esta quinta-feira, 05 de dezembro de 2019, por Duarte Bunghoma Sanhá, membro do Sindicato Nacional dos Professores e presidente da Comissão Negocial da greve dos quatro sindicatos da classe.
O posicionamento dos professores vem na sequência do incumprimento do acordo assinado com o governo, sob mediação dos líderes religiosos guineenses e a última medida tomada pelo executivo de Aristides Gomes, que mandou, segundo documentos exibidos à imprensa, retirar carga horária aos professores e, consequentemente, cortar alguns dos subsídios que usufruíam da carga horária. A intervenção dos líderes religiosos evitou a paralisação que teria seu início a 11 de novembro último.
Em reação a decisão do governo, Duarte Bunghoma exigiu que os descontos fossem extensíveis a outros setores e a organizações sindicais de outros setores da vida social do país e lamenta por isso o fato de os professores terem sido, recorrentemente, “vitimas dessa atitude de descontos pelos sucessivos governantes que passaram na administração da Guiné-Bissau”.
“Se houvesse a necessidade de tomar essa decisão, o governo teria que produzir outro despacho para revogar a anterior e não desta forma, do gabinete a revogar um documento aprovado pelo governo e publicado no boletim oficial”, criticou, lamentando que o professor é, sistematicamente, vítima dessas jogadas porque os processos dos governantes não possam nas suas mãos.
“Quando tudo se relaciona com professor, é bicho de sete cabeças e tem que haver mexida, mas gostaríamos de tomar conhecimento também pelos órgãos de comunicação social que aos magistrados foram descontados na sequência da greve que paralisou as suas atividades antes da realização da primeira volta das presidenciais de 24 de novembro”, recomendou.
“De igual modo gostaríamos de ouvir a mesma coisa a acontecer com aos funcionários da Assembleia Nacional Popular, porque a caracteirista da lei é assente justamente nisso, isto é, é geral e abstrato”, reforçou o sindicalista para de seguida, lembrar que quando aos militares foram retiradas as patentes, “um direito adquirido”, revoltaram-se.
“Acreditem que se estivéssemos nessa posição dos militares alguém pagaria a fatura cara”, avisou.
Duarte Bunghoma denunciou igualmente um plano em execução pelo governo, em conluio com os inspetores e direções das escolas públicas da região de Bafatá, leste do país, de bloquear os salários de um grupo de professores que haviam aderido a greves dos professores, tal como aconteceu no passado e que levou a classe a paralisar as aulas nas escolas publicas durante cinco meses.
Os sindicatos, através de Bunghoma, deixaram claro na sua posição de que não vão ceder os 15 dias solicitados pelos líderes religiosos para encontrar soluções consentâneas e elogiam a intenção do executivo de retirar todos os professores das escolas públicas das escolas privadas.
“No final veremos quem vai chorar com a decisão. Não há segredo nenhum para ninguém que todos os professores das escolas privadas são das escolas públicas”, sublinhou, revelando que o diploma de carreira docente aprovado pela ANP foi trocado, porque um deputado disse que se o verdadeiro diploma fosse publicado no boletim oficial daria muito dinheiro ao professor.
Apesar da sua posição, Duarte Bunghoma apela aos professores a entregarem as fichas de avaliação, aguardando pelos sindicatos, porque, “são nota de “abota” – notas verticais” e lembra que quando decidiram levantar a paralisação foram agredidos física e verbalmente pelos seus associados. Porém, avançaram com a decisão por respeito aos líderes religiosos e nega qualquer conivência política na decisão dos sindicatos.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
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