A 23 de abril, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente da Guiné-Bissau. Ao mesmo tempo, fez vários pedidos, para a "estabilização" do país. Uma das solicitações foi um novo Governo, respeitando os resultados das legislativas do ano passado (o prazo termina esta sexta-feira, 22 de maio); outra foi uma reforma da Constituição guineense, aprovada por referendo, no prazo de seis meses.
O chefe de Estado criou, a 12 de maio, uma comissão de nove elementos para, no prazo de 90 dias, propor alterações constitucionais. Mas o gesto gerou polémica. Vários juristas e políticos guineenses rejeitam que o Presidente tenha competência para criar a comissão. Por outro lado, estranham que se tenha criado mais um organismo para rever a Constituição, tendo em conta que, no Parlamento, já há uma comissão para esse efeito.
No entanto, Carlos Vamain, coordenador da comissão criada por Umaro Sissoco Embaló, defende a decisão do Presidente: depois do comunicado da CEDEAO, os parlamentares "não fizeram nada", comenta em entrevista à DW África. Para Vamain, a questão da legalidade da comissão nem sequer se coloca face à atual "situação atípica" na Guiné-Bissau.
DW África: A comissão para a revisão da Constituição já tem meios para trabalhar?
Carlos Vamain (CV): Os meios já estão quase postos à disposição. Dentro de alguns dias teremosas instalações bem equipadas para podermos avançar com o trabalho e cumprir o prazo fixado pelo decreto presidencial.
DW África: Muitos dizem que o tempo é curto, até por causa da pandemia da Covid-19…
CV: Bom, 90 diasparece pouco para quem não trabalha. Mas, para quem trabalha, não é pouco. Num mês pode-se fazer um esboço do projeto e, no mês seguinte, pode-se abrir às consultas, para obter mais subsídios para melhorar o texto proposto. É perfeitamente exequível.
DW África: O que é que esta comissão vai fazer?
CV: Vai fazer duas coisas. Primeiro, como estabelece a própria Constituição da República, para se proceder à revisão da Constituição, temos de fazer um projeto relativamente a artigos que serão objeto de revisão, indicando o sentido das respetivas modificações. Já há um esboço sobre isso, que a comissão vai começar a trabalhar e propor a sua "perfeição". Depois desse projeto, vamos "atacar" o texto constitucional em si, para tentar melhorá-lo, criando mecanismos que possam conduzir o país à estabilidade das suas instituições públicas - sobretudo a estabilidade correlativa.
DW África: A comissão está a trabalhar depois de um grande debate em torno da legalidade da constituição da comissão. Isto não entra em conflito com uma outra comissão da Assembleia Nacional Popular?
CV: Penso que não, porque a Assembleia é umórgão de soberania do país e o seu representante esteve em Conacri, foi um dos signatários do Acordo de Conacri, que comprometeu o país a proceder à revisão, no sentido da estabilização das suas instituições. Isto significa que, logo depois do comunicado de abril, reconhecendo o Presidente da Guiné-Bissau, deviam desencadear o processo e conversar. [Mas] não fizeram nada. E é o Presidente da República que representa o Estado diante da CEDEAO e que se responsabiliza pela execução dos compromissos assumidos no âmbito da [organização]. Eu penso que não há nenhuma crise… Não devia haver nenhuma crise neste sentido, é só as pessoas falarem.
DW África: Enquanto constitucionalista, considera que é da competência do Presidente criar esta comissão?
CV: Há um problema: nós estamos a viver numa situação atípica. Não é agora que vamos falar da constitucionalidade, ou não, de um ato. Porque a inconstitucionalidade veio desde Conacri. Como é que a classe política guineense, sem sentido de Estado, rubricou o Acordo de Conacri, que é anticonstitucional? Não é inconstitucional, é anticonstitucional. É um golpe de Estado contra o Estado da Guiné-Bissau. Portanto, estamos nesta situação…
DW África: Ou seja, não compete ao Presidente, embora venha também de uma inconstitucionalidade?...
CV: Vem de uma anticonstitucionalidade anterior. É esse o problema.
DW
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constitucionalista de meia caneca, vamain nunca bu nsta na kusa ki legal , sempri i dipus di golpes ki bu ta odja kuru, i bu na difindi bu barriga, i pena um alguin ki ta fala letradu. abo i um di fidjus mas pior ki guiné tene.nada bu ka tene di bom djá pa da pa Guiné Bissau.mas tempu na perto pa bo sai djintis na udjus.
ResponderEliminarGrande constitucionalista, um dos melhores que a Guiné-Bissau tem. Força e coragem DOUTOR, a GB vencerá.
ResponderEliminarCoragem Dr. Vamain, deixe que os cães ladram nao vao parar a caravana
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