Por O DEMOCRATA 17/08/2024
O Coordenador Nacional do Movimento para Alternância Democrática – Grupo 15 (MADEM-G 15), Braima Camará revelou que o acordo político que tinha com o atual Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, era de ajudá-lo para vencer as eleições presidenciais e que faria apenas um mandato e deixaria o poder para que ele (Braima Camará) fosse eleito também nas eleições presidenciais e assumir o país.
“O acordo a que chegamos era que unissemos os esforços para Umaro Sissoco Embaló ganhar as eleições presidenciais e concluímos esse acordo que ele faria apenas um mandato. O então chefe de Estado senegalês, Macky Sall, perguntou-me se teríamos condições de fazer para que o Sissoco ganhasse as eleições, disse-lhe que o candidato do MADEM poderia ir à segunda volta, porque iríamos tirar bom resultado. Disse ao Presidente Macky que decidimos que o PR Sissoco faria só um mandato. Umaro Sissoco Embaló confirmou ao PR Macky que o acordo político firmado seria que ele faria apenas um mandato, depois iria apoiar-me para ganhar as eleições presidenciais e criar as condições para que eu pudesse fazer dois mandatos”, contou o líder do MADEM na sua comunicação este sábado, 17 de agosto de 2024, durante a abertura dos trabalhos da reunião do Conselho Nacional, que decorre numa das unidades hoteleiras de Bissau.
A reunião do Conselho Nacional, de acordo com o secretariado nacional do partido, dos 615 membros que constituem aquele órgão, 321 membros estiveram presentes, razão pela qual reuniram o quórum para iniciar os trabalhos. A reunião contou com a presença do antigo chefe de Estado, José Mário Vaz, que é o presidente de honra do MADEM, bem como de altos dirigentes do partido.
Dentre os sete vice-coordenadores do partido, registou-se na sala a presença de Fideles Forbes, do presidente do Conselho de Direito, Abdu Mane, do secretário nacional, Abel da Silva Gomes, e do porta-voz, Arcénio Djibril Baldé.
O conselho nacional que decorre de 17 e 18 do mês em curso, tem como ordem do dia: análise da situação política nacional face à situação interna do MADEM-G 15; Estatutos e a sua aplicação interna nas estruturas do partido e a convocação de um congresso extraordinário pelo Movimento de Apoio ao 2º Mandato do Umaro Sissoco Embaló, liderado por dirigentes suspensos.
“PR SISSOCO TEM O DEVER MORAL DE DIZER A VERDADE. NÃO PODE ME SUJAR NA LAMA”
Camará assegurou que a política é feita dos acordos e compromissos, afirmando que o homem que não cumpre umacordo ou compromissos assumidos perde a dignidade.
“O Presidente Sissoco tem o dever moral de dizer a verdade. Se não pode cumprir a honra ou acordo que temos, não pode também sujar-me na lama. Não pode me sujar na lama como fez com o Presidente JOMAV”, disse, acrescentando que o Presidente Sissoco não pode aparecer na praça pública a afirmar que “Braima é o meu irmão, a mãe dele é minha mãe. Não, as nossas mães não têm problema e nem temos problemas de irmandade”.
“O que está em causa é acordo político que tivemos, a Constituição da República e o estado do direito democrático e a liberdade de expressão. Não é o lugar, interesse de Braima Camará e nem é o dinheiro de Braima, mas sim é a liberdade do povo da Guiné-Bissau que está em causa”, assegurou.
Lembrou que outro compromisso firmado com o atual chefe de Estado era de criar as condições para que o MADEM pudesse ganhar as eleições legislativas. Acrescentou que depois das eleições presidenciais, Umaro Sissoco Embaló, optou por criar outras formações políticas e nem sequer decidiu honrar os compromissos que tinha.
“SISSOCO AGORA É PRESIDENTE DE TODOS OS PARTIDOS. ESTÁ A MATAR A DEMOCRACIA NA GUINÉ-BISSAU”
O político acusou o chefe de Estado de ser agora o presidente de todos os partidos políticos e, ao mesmo tempo, presidente da República, primeiro-ministro e até diretor-geral, “porque agora ameaça até o pessoal de limpeza que não estão do seu lado”.
“O Presidente Sissoco está a interferir em todos os partidos políticos. Está a matar a democracia na Guiné-Bissau, mas desde quando um Presidente da República intervém na vida de um partido político”, acusou, lembrando que o Presidente JOMAV estava no Palácio e o PAIGC organizava manifestações todos os dias e não incomodavam o antigo chefe de Estado.
Camará afirmou que se o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG) não tivesse sido criado, o MADEM ganharia as eleições legislativas de junho de 2023.
“O PTG e MADEM têm a mesma base eleitoral e o PAIGC é o maior partido político da Guiné-Bissau, portanto é o partido que conseguiu concentrar os seus votos. O método de contagem de votos é hont, um método que favorece o partido que concentra o maior número de votos. Antes das eleições legislativas, ninguém acreditaria que o PAIGC conseguiria ganhar aquelas eleições, mas o PAIGC não tinha o governo nem o Presidente da República, mas o PAI Terra Rankaganhou as eleições”, disse.
O Coordenador Nacional do MADEM-G 15 disse que jamais pensaria que os seus vice-coordenadores, Adja Satu Camará, Marciano Silva Barbeiro, Soares Sambú e Aristides Ocante da Silva, lhe apunhalariam pelas costas para roubar o partido. Afirmou que não trai e nem sequer conhece a traição, afiançando que a única riqueza que tem é a sua palavra.
Camará deixou o apelo a justiça guineense, assegurando que a base principal da democracia, da paz e da estabilidade é o setor da justiça. Afiançou que acredita e confia na justiça guineense e que em nenhum momento atacou a justiça.
“Acredito que a justiça sabe que alguém está a mostrar força e poder, mas Allah está acima de todos nós. Quem me diz que a única pessoa com competência para reunir os órgãos do partido é Soares Sambú e Marciano Silva Barbeiro, mas hoje estão naquele congresso extraordinário. Por isso, apelo à justiça guineense ao cumprimento da Constituição da República e dos estatutos do MADEM”, referiu.
Acrescentou ainda que o fato de recusar acompanhar o Presidente da República nas suas decisões de mudar a Constituição para o sistema presidencialista e nos acordos do petróleo é a razão principal das pessoas quererem roubar a liderança do MADEM.
Por: Assana Sambú