Por: Saliatu Da Costa
Nos dias em que a heroicidade cívica mais não é do que pregação de caloteiros e onde emitir opinião publicamente equivale a entregar-se ao linchamento na praça pública, vi-me a pensar naqueles cujas posturas inspiram muitos jovens de pensamentos livres e progressistas e a figura que me vem à mente com grande satisfação é a do ilustre e distinto Dr. Fernando Delfim da Silva, sobretudo por estes últimos 5 anos em que nenhuma força ou estrutura lhe intimidou a deixar de emitir a sua opinião sobre as mais diversas situações concernentes ao país.
Conhecia a sua capacidade intelectual e o seu carácter inconspurcado que o fez não exitar em apresentar a sua demissão do cargo do Ministro dos Negócios Estrangeiros no governo do Rui Barros, provando a sua integridade e o seu distanciamento do poder sem dignidade, mas não lhe conhecia essa determinação apresentada nestes últimos anos.
Senhor de uma vida cultural laureada e de um idealismo filosófico que não coabita com o populismo, toda a sua figura se centra na sua formação humanística muito sólida; Um homem de espírito nobre, totalmente desinteressado de coisas materiais... Comunicativo, aberto, um visionário que não se permite resumir aos alinhamentos e alienações, um idealista ferozmente independente. Quem consegue explicar um homem dessa dimensão? Com ele, muitos de nós entendemos melhor o civismo, despertamos para a cultura e vimo-nos orientados para o espírito crítico, sempre com grande sentido de liberdade, avesso a todo o tipo de dogmatismo…
Um homem coerente e fascinante a quem é impossível imputar algum acto de corrupção nas mais diversas funções desempenhadas como membro de governo, isto num país em que em dois anos de governação os corruptos constroem mansões e compram casas no estrangeiro, o Dr. Delfim, com o seu modo simples de viver, modelado pela sua dignidade e sua consciência, desde sempre abriu mão de qualquer riqueza! Ele que desde primeiras horas questionou posicionamentos que punham em causa a soberania do país e o bem social comum, definiu o pensamento de um revolucionário no qual coexistem harmoniosamente o ideólogo, o estratego, o intelectual que consegue contemplar o movimento da história atento ao imediato e simultaneamente com o distanciamento e a serenidade exigida a um estadista.
A este ilustre senhor rendo a minha homenagem por ter definido claramente a sua posição em tempos difíceis, criticando quem devia criticar, apontando sem subterfúgio as lacunas e apresentando soluções plausíveis; as minhas reverências sim por ter rejeitado qualquer superfluidade e por ter aceitado defender, antes de mais e de tudo, a Guiné-Bissau, a sua bandeira, a sua soberania e o seu povo.
Obrigado Tio Delfim, na tempo nundê ku bidanta n`ghutru djugudé i ronku, bu na kontinua sta riba, dugudé bata guerria iangassau!
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