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Por Lusa 07/06/24
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) apelou hoje a uma "ação internacional imediata" para que se evitem mais deslocações forçadas no Sahel, onde a crise humanitária se agrava devido ao terrorismo e alterações climáticas.
Segundo o ACNUR, mais de 3,3 milhões de pessoas já fugiram das suas casas no Burkina Faso, no Mali e no Níger, nos últimos quatro anos, devido aos conflitos em curso e pelo agravar das alterações climáticas.
Há 2,8 milhões de pessoas deslocadas internamente nestes três países e "o aumento dos movimentos transfronteiriços indica um agravamento da crise", afirmou.
A agência da ONU está "profundamente preocupada com a crise humanitária galopante na região do Sahel", afirmou o porta-voz do ACNUR para a África Ocidental e Central, Alpha Seydi Ba, numa conferência de imprensa em Genebra.
"Esta dramática deslocação forçada de civis exige uma ação internacional imediata para evitar o seu agravamento", acrescentou, sublinhando que as mulheres e as crianças são particularmente vulneráveis à exploração, aos abusos e ao tráfico.
A falta de abrigo adequado, de água potável e de saneamento básico está a agravar as difíceis condições de vida destas pessoas, enquanto a insegurança persistente as impede de regressar a casa, segundo o ACNUR.
O ACNUR avaliou em 443,5 milhões de dólares (cerca de 410 milhões de euros) o montante necessário para cobrir as necessidades humanitárias mais urgentes no Burkina Faso, no Mali, no Níger, na Mauritânia e nos países do Golfo da Guiné, onde fica, por exemplo, São Tomé e Príncipe.
Desde 2012, o Mali tem sido assolado pelas atividades de grupos filiados na Al-Qaida e no Estado Islâmico, pela violência dos grupos de autodefesa e pelo banditismo. A crise de segurança está associada a uma profunda crise humanitária e política.
A violência alastrou aos países vizinhos Burkina Faso e Níger, precipitando golpes militares nos três países.
O Mali, o Burkina Faso e o Níger romperam a antiga aliança com a antiga potência dominante, a França, para se voltarem militar e politicamente para a Rússia, tendo formado, em novembro, a Aliança dos Estados do Sahel (AES) e anunciado a sua retirada da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
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