segunda-feira, 25 de março de 2019

Madonna acusa Portugal de ingratidão. Basílio Horta diz que “há coisas que o dinheiro não paga”

Madonna pressionou a autarquia a voltar atrás e permitir a entrada de um cavalo num palacete. Basílio Horta não cede: "Há coisas que o dinheiro não paga". Madonna acusa Portugal de ingratidão.

Madonna diz que já fez muito por Portugal. Basílio Horta não cede às pressões da cantora
Getty Images/ João Porfírio (Observador)

O presidente da Câmara de Sintra reagiu este domingo às notícias de que tinha impedido a cantora norte-americana Madonna de levar um cavalo puro-sangue lusitano para dentro da Quinta Nova da Assunção — um palacete do século XIX — para gravar uma parte de um novo videoclip. Em declarações ao Expresso, Basílio Horta sublinha que “há coisas que o dinheiro não paga”: “Em condição nenhuma deixaria entrar um cavalo no palácio, não tem qualquer sentido! A Madonna é uma artista, mas o palácio é de todos e não é para ser estragado”, justifica.

Para gravar o videoclip da canção “Indian Summer”, Madonna pediu autorização à Câmara de Sintra para usar o hall principal do edifício em Belas. O documento foi enviado pela produtora “Twenty Four Seven” para a autarquia a 12 de março e pedia a reserva do espaço entre os dias 15 e 20 de março para uma filmagem “de uma cantora conhecida mundialmente”. De acordo com o plano apresentado pela produtora, a que o Expresso teve acesso, as gravações só aconteceriam nos últimos dois dias entre as 17h e as 07h.

Depois de analisado pela Câmara de Sintra, o pedido de filmagem foi aceite. Mas nem todo o plano tinha luz verde da autarquia de Basílio Horta: a cena que mostraria um “cavalo deitado no chão a interagir com a protagonista”, que seria filmado durante “um tempo de filmagem muito reduzido” de “entre uma hora e uma hora e meia” não podia acontecer “por motivos de segurança”, argumentou a Câmara.



É que “o soalho de madeira assenta sobre uma caixa de ar e podia ser danificado”, explica fonte da autarquia ao Expresso, completando aquilo que a Câmara já tinha respondido à cantora: “O piso do rés do chão assenta sobre estrutura de vigas de madeira, sendo a caixa de ar ventilada, portanto um piso não estabilizado estruturalmente, o que impede a utilização de atividades que provoquem vibrações”, pode ler-se no relatório enviado à “Twenty Four Seven”.

Conforme noticiado pelo Correio da Manhã na edição de sábado, o agente informou Madonna da decisão da Câmara por mensagem: “Desculpa, minha rainha. Estou a fazer o meu melhor. Telefonei a muita gente e enviei varias mensagens. Infelizmente, o homem que pode decidir não está disponível, mas em alguma altura vai estar”. Mas a cantora não gostou da resposta: “Amanhã é tarde demais. Vamos filmar noutro lado. Esquece”. A seguir acrescenta: “Já dei tanto a este país e quando peço um favor simples, de facto para mostrar Portugal ao mundo, a resposta que obtenho é negativa”. E depois culpa o agente por ter vindo morar para Portugal: “A culpa é tua. Tu é que me convenceste a vir morar para cá”.

Em reações prestadas ao Expresso, o Gabinete do presidente da Câmara confirmou que os funcionários de Madonna tentaram pressionar a autarquia a mudar de opinião. “Até disseram que iam falar com o primeiro-ministro”, conta a fonte do gabinete ao jornal. Mas nada reverteu a resposta de Basílio Horta, que se recusou a conversar com a produtora da cantora: “As pressões não são habituais. Mas também as pessoas sabem que, comigo, não resultam. Se fosse um português nem se atrevia a tentar. Levo muito a sério o princípio da igualdade”, explicou o autarca.

observador.pt

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