segunda-feira, 26 de julho de 2021
Aristides Gomes: "Nenhum regime vai consolidar-se por via da repressão" na Guiné-Bissau
Por DW.COM.PT 26.07.2021
Mais de um ano depois de ter sido forçado a abandonar o cargo de primeiro-ministro, Aristides Gomes quebra o silêncio, em entrevista à DW. Gomes, que esteve refugiado na ONU, diz que há uma regressão total no país.
Em março de 2020, as forças de segurança invadiram a casa de Aristides Gomes, forçando o primeiro-ministro do Governo constitucional liderado pelo PAIGC, formado após as eleições legislativas, a abandonar a sua casa e as funções que também desempenhava. "Está em curso um golpe de Estado na Guiné-Bissau", denunciava Gomes em entrevista à DW, afirmando que "quem tem força consegue apoderar-se do Estado e fazer aquilo que entender".
Aristides Gomes teve que sair da sua residência privada para a sede da ONU, onde teve proteção da comunidade internacional, alegando que corria risco de vida. Gomes viria a ficar nas instalações das Nações Unidas em Bissau durante um ano, até que, em fevereiro último abandou o país sob a proteção das forças da ONU rumo a França. Desde então, não deu mais nenhuma entrevista à imprensa.
Na altura, a Guiné-Bissau vivia mais um momento de tensão política, depois de o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições presidenciais do país pela Comissão Nacional de Eleições, ter tomado posse quando ainda decorria um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira, que alega graves irregularidades no processo.
Na sequência da tomada de posse, Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes, que liderava o Governo que saiu das legislativas e que tinha a maioria no Parlamento do país, e nomeou o atual primeiro-ministro Nuno Nabiam para o cargo. Após estas decisões, os militares guineenses ocuparam e encerraram as instituições do Estado guineense, impedindo Aristides Gomes e o seu Governo de continuar em funções.
Aristides Gomes em Luxemburgo com a comunidade guineense
Neste sábado, 24 de julho, o ex-chefe do Governo esteve no Luxemburgo, em contacto com a diáspora guineense. Naquela que foi a sua primeira aparição pública, aceitou fazer à DW África um ponto de situação sobre a governação na Guiné-Bissau.
DW África: Neste seu primeiro contato com a diáspora, o que partilhou com a comunidade guineense?
Aristides Gomes (AG): Partilhei com os guineenses, a pedido deles, tendo em conta a importância crescente da diáspora na vida política, social e económica da Guiné-Bissau, os diferentes pontos de vista sobre a situação atual do país. É uma situação em que há uma rotura de lógica legal em todos os domínios, nomeadamente da economia, da sociedade, do exercício de poder que há hoje em dia na Guiné-Bissau e ainda no domínio da democracia. Chegámos ao consenso de que há um recuo nessa matéria na Guiné-Bissau.
DW África: Refere-se às denúncias de uma eventual implementação da ditadura no país?
AG: Sim. Acho que progressivamente nós estamos a caminhar - e de uma forma muito rápida - para uma ditadura. Uma ditadura inútil até, porque nem se quer é uma ditadura iluminada. Porque há casos de ditaduras mais inteligentes, que até estão a dar algum resultado, mas no caso da Guiné-Bissau é uma coisa inútil. Inútil não só para os guineenses, de forma geral, mas também é inútil para o próprio regime, o Presidente que exerce o poder e para a chamada nova maioria atual, que não convence muito.
DW África: Como explica o facto de um primeiro-ministro em exercício ter de sair da sua residência em busca de proteção nas Nações Unidas?
AR: O regime tinha medo de agir legalmente, medo de seguir os trâmites legais. Só o regime poderá explicar isso. Porque se, de facto, o regime estivesse convencido de que queria governar na base da legalidade, não da forma de captação do Estado, teria seguido todos os requisitos para a instalação de um novo Presidente. Eu fui vítima desta captação do Estado. Interessava ao regime agir dessa maneira porque nós [o PAIGC], tínhamos a maioria parlamentar na Assembleia Nacional Popular (ANP), para poder mudar, como conseguiu, de forma relativamente fraudulenta, a relação na ANP. Desde a independência nacional, nunca vimos o Estado completamente do avesso como agora.
DW África: Pediu para ir para as Nações Unidas porque corria risco de vida?
AG: O regime queria intimidar-me para que eu saísse da minha casa, assim seria eventualmente abatido e depois simulariam que estivesse a fugir armado ou que eu tentasse oferecer resistência. Por isso, decidi ficar na minha casa, mesmo quando me retiraram o corpo de segurança. Foi uma longa negociação com as Nações Unidas e a CEDEAO. Os representantes da comunidade internacional estiveram na minha casa e discutimos durante horas para que me convencessem a sair. Eu achava que não devia sair de casa. Se não fosse essa garantia da comunidade internacional, não saía.
DW África: E agora, quando é que vai voltar à Guiné-Bissau?
AG: Repare, as circunstâncias em que eu saí do país e a evolução perigosa do regime aconselham-me uma certa prudência. Mas acho que quanto mais o regime optar por uma via de força, mais se acelera a caminho de suicídio político.
DW África: Como é que deixou as contas do Estado - como saiu como primeiro-ministro e ao mesmo tempo ministro das Finanças?
AG: As finanças estavam numa via de poder viver como se viveu durante o tempo que lá estive e sem ajuda externa. É evidente que hoje em dia a Covid-19 criou algumas dificuldades aos países e a Guiné-Bissau não escapa, mas, em contrapartida, também o nosso país teve muitas facilidades por causa da Covid-19. Portanto, era uma ocasião para que se aproveitasse essas facilidades para melhorar a situação financeira da Guiné-Bissau. Para além disso, se tivessem uma gestão financeira muito mais criteriosa e com menos desvios processuais e desvios de fundos, a situação teria sido melhor.
DW África: A questão que terá ensombrado a sua governação tem a ver com o cidadão colombiano com passaporte diplomático da Guiné-Bissau, que alegadamente esteve envolvido no tráfico de droga. Como explica esta situação?
AG: As resoluções do Conselho de Segurança da ONU são claras nesse aspeto de combate à droga. O nosso Governo fez aquilo que devia fazer face ao tráfico de droga. O Conselho de Segurança aponta o nosso Governo como modelo, por ser capaz de definir uma política, uma missão, e que resultou na maior apreensão de droga alguma vez feita no país. Portanto, esta questão do Zambrano, de origem colombiana, é uma invenção, que não tem pernas para andar. Essa pessoa esteve em Bissau, foi levada aos serviços interrogatórios da Polícia Judiciária e depois foi libertado mediante a presença da polícia colombiana, ou seja, participaram na sua audição a Polícia da Interpol de Lyon, França, a polícia colombiana e todos os outros serviços ocidentais de combate a drogas participaram na sua interrogação. Porque é que foi libertado, então? Eu penso que é esta a pergunta que a polícia judiciária deveria responder. E se esse regime tem elementos [que provam que] esse Zambrano estivesse envolvido no tráfico de droga, porque não pede a sua captura internacional?
DW África: Criticou também as viagens do Presidente da República em jatos privados. Acha é mais um encargo para as contas públicas?
AG: Eu fui primeiro-ministro três vezes na Guiné-Bissau, mas nunca aluguei aviões privados para as viagens do Estado. Será que a Guiné-Bissau tem condições para suportar esses custos? Será que é indispensável o Presidente viajar em jatos privados? Será que os outros chefes de Estado anteriores faziam a mesma coisa? Talvez eu não tenha razão, mas que me convençam que era assim. Porque os outros [Presidentes] não viajavam sistematicamente de jatos privados.
DW África: Como vê o futuro imediato do país?
AG: Nós estamos numa situação extremamente difícil. Neste momento, há uma estagnação, há mesmo uma reversão em todos os aspetos. Há uma regressão em termos democráticos, do sistema de ensino, hospitalar, regressão em matéria de criação de infraestruturas. E o próprio ministro das Finanças diz que o peso da dívida, atualmente, é enorme. Para um país como a Guiné-Bissau, as dificuldades estão patentes. A solução é reforçar o Estado, reforçar a democracia e o regime abandonar a via da repressão, porque não resolve o problema. Nenhum regime, sobretudo nas fragilidades da Guiné-Bissau, poderá consolidar-se por via da repressão. É impossível.
Cerimónia de posse do novo Presidente do Tribunal de Contas, Sr. Amadú Tidjane Baldé.
Seguranças aeroportoaria da empresa elite reclamam divida salarial de 23 meses
Seguranças da Aviação Civil pertencente a empresa Elite, reivindicaram esta segunda-feira 26/07/2021 os pagamentos de salários em atraso.
De acordo com porta-voz do Coletivo, endereçaram uma carta a empresa a quase um mês mas sem resposta da parte da Gerencia da instituição e considera que não estão a mostrar interesse em resolver esta situação.
Samba NaSum, avançou que mediante a explicação do próprio administrador o motivo do endividamento está sob responsabilidade da Aviação Civil por causa das dívidas com a empresa.
Perante este cenário, o representante dos seguranças disse que dirigiram até à Direção da Aviação Civil para apurar e estes afirmaram que há incumprimento por parte da empresa Elite desde Janeiro de 2018 em destituir 50% dos 84 funcionários em conformidade com auditoria Internacional feita no mesmo ano, dado isso bloquearam simplesmente os pagamentos. lamentou Samba
Neste sentido, os 84 funcionários decidiram dirigir junto à casa do administrador uma vez que a empresa sempre permanece fechada, a fim de saber o que está por detrás da falta dos pagamentos.
Preocupado com a situação que enfrentam, Samba adverte que se não receberem resposta satisfatória por parte do administrador avançarão para o vitesse superior que é reivindicações, sem mencionar quais.
DSP DE POVO
Fonte: Carlos Santiago / Denilaide Miguel da Cunha
BISSAU: EAGB ANUNCIA CORTE GERAL DE ENERGIA
Por Rádio Jovem Bissau
A Empresa Pública de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB) anunciou hoje em Bissau, que vai interromper o fornecimento de energia elétrica no sábado e domingo para trabalhos de manutenção.
A informação foi divulgada na página oficial da EAGB no Facebook, na qual esclarece que a interrupção do fornecimento de energia vai ocorrer devido aos trabalhos de manutenção dos grupos de produção da energia do navio da empresa turca Karpowership, que fornece a eletricidade na capital e algumas zonas de arredores de Bissau.
"Haverá interrupção total no fornecimento de energia elétrica no sábado de manhã das 6 às 19 e no domingo de manhã das 06h00 às 17h00", acrescenta a nota.
Perante este cenário, a EAGB pede e agradece a compreensão e a colaboração de todos os seus estimados clientes.
De recordar que no passado dia 13 do mês em curso, a empresa estatal anunciou que Bissau corre forte risco de ficar sem energia elétrica na sequência do acidente marítimo do navio que fornece a eletricidade na capital e algumas zonas de arredores de Bissau.
A empresa turca Karpowership assinou com o Governo da Guiné-Bissau um acordo de fornecimento de eletricidade em outubro de 2018.
O navio está estacionado no rio Geba, ao largo de Bissau.
As informações indicam que a empresa Karpowership é a única no mundo que possui centrais elétricas flutuantes.
A empresa turca é responsável por parte do fornecimento de eletricidade, através de centrais flutuantes, em países como o Líbano, Gana, Moçambique, Gâmbia, Indonésia, Zâmbia e Iraque.
AC
Guiné-Bissau: UM ANO APÓS A VANDALIZACÃO DA RÁDIO CAPITAL FM
Por Alison Cabral
A Rádio Capital FM, uma estação emissora privada sediada em Bissau, completou hoje, um ano desde a sua vandalização por homens armados.
Após um ano do sucedido até então as autoridades competentes não conseguiram identificar os responsáveis do acto.
Contudo, o executivo no poder, na altura, visitou o local prometendo trabalhar para identificar os responsáveis, com ajuda e colaboração da Polícia Judiciária (PJ).
Apesar da promessa não cumprida das autoridades da Guiné-Bissau, os responsáveis da Rádio Capital FM moveram uma queixa crime junto as autoridades judiciais, mas até então não foi clarificado nada aos guineenses, em particular a direção do órgão da comunicação social privada.
A vandalização a Rádio Capital FM foi considerado uma invasão e um atentando à liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau, ao livre exercício do jornalismo no país, e um atentado à democracia.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), classificou o atentado contra os jornalistas de cobarde, um ato que considerou ser a concretização das sucessivas ameaças anónimas que os profissionais daquela estação emissora vinham recebendo dos indivíduos desconhecidos e mal intencionados, que pretendem instalar a prepotência e o caos no País.
A Rádio Capital FM é uma iniciativa lançada, em 2015, por um grupo de jornalistas, liderados por Lassana Cassamá.
Bxo: 26 de julho de 2021
Alison Cabral (AC)
PRS REUNIDO EM COMISSÃO POLÍTICA PARA APROVAR ÚLTIMOS INSTRUMENTOS PARA REALIZAÇÃO DO CONGRESSO
PAIGC CONDENA A DECISÃO DE PGR DE IMPEDIR A VIAGEM DO DSP E EXIGE A DEMISSÃO DE FERNANDO GOMES
líder PUN Idriça Djalo escreve ao Presidente da República Umaro Sissoco Embaló.
Fonte: RadioBantaba
_PUN_
A Sua Excelência
Senhor Umaro Sissoko Embalo
Presidente da República
Na sexta feira, dia 23 de Julho de 2021, o senhor Domingos Simões Pereira, cidadão deste Pais, Presidente do PAIGC e Deputado da Nação, foi impedido de deixar o Pais pelas autoridades do Ministério do Interior, que disseram agir a pedido do senhor Fernando Gomes, Procurador Geral da República - ver correspondência em anexo.
O Dr. Fernando Gomes invoca entre outros argumentos o risco de fuga pois, segundo as suas fontes, a Assembleia Nacional Popular prepara-se para convocar uma sessão extraordinária no decorrer da qual seria levantada a imunidade parlamentar do deputado Domingos Simões Pereira.
Senhor Presidente da Republica,
Este argumento falacioso avançado pelo Procurador Geral da Republica constitui uma mentira grosseira com intenção de prejudicar um cidadão. O Ministério Publico já tinha solicitado ao Parlamento o levantamento da imunidade do deputado em causa.
A Comissão de Ética da ANP rejeitou esse pedido.
Como pode o Procurador Geral da República estar certo da convocação de uma sessão extraordinária do Parlamento, questão que não é da sua competência, mas mais grave ainda, saber de antemão qual seria o resultado da votação sobre o levantamento da imunidade, uma vez reunida a plenária da ANP?
De qualquer das formas, em virtude do disposto na Constituição da República da Guiné Bissau assim como na lei que regula o estatuto dos deputados, nenhum procedimento judiciário e muito menos medidas restritivas ou privativas da liberdade, podem ter lugar sem a autorização prévia da plenária da ANP e no intervalo das sessões, da Comissão Permanente. A interdição de viajar é pois, uma medida restritiva de uma liberdade fundamental.
Recorrendo a esta manobra para justificar o seu ato ilegal, o Dr. Fernando Gomes comete uma grave violação dos preceitos da nossa Constituição, o que o desacredita para sempre na direção de uma instituição de tamanha importância para a credibilidade do nosso sistema judiciário.
Outra ilegalidade cometida pelo PGR foi de usurpar as competências de um juiz ou magistrado, único habilitado a decretar medidas restritivas das liberdades contra qualquer cidadão.
Este ato criminoso, Senhor Presidente, enquadra-se na sequência de um outro ato igualmente grave para as nossas autoridades judiciárias e para a reputação da Guine Bissau, que constituiu no lançamento, de forma irresponsável, de um mandado de captura internacional contra o mesmo deputado Domingos Simões Pereira, e que a Organização Internacional da Policia Criminal, conhecida por Interpol, rejeitou em Janeiro de 2021, como sendo contrário aos valores e regras desta organização.
Domingos Simões Pereira regressou a Guiné-Bissau por sua própria iniciativa. À sua chegada, o Ministério Publico não o acusou de nenhum crime. Desde então, ele tem permanecido no Pais.
É hoje evidente para todos os cidadãos guineenses que o Procurador Geral é movido por motivos que nada têm a ver com a justiça.
A solicitação ilegal do Procurador Geral da República colocou em causa indiretamente mas de forma igualmente grave o Ministério do Interior. Os responsáveis deste sector vital para a proteção dos cidadãos deveriam verificar através dos seus serviços jurídicos, a legalidade das ordens, mesmo se emanadas do Ministério Público, pois nem esta entidade está acima das leis em vigor no Pais.
O Ministério do Interior não deve, de futuro, executar cegamente ordens manifestamente ilegais do PGR, sob pena de ser cúmplice na subversão dos direitos fundamentais dos cidadãos da Guine Bissau.
Senhor Presidente da República,
Atendendo às diferentes dimensões jurídicas e politicas deste assunto, é evidente que o Dr. Fernando Gomes não está em condições de continuar a exercer a função de Procurador Geral da República, sob pena de não sómente desacreditar totalmente a justiça do nosso Pais, como também de manchar irreversivelmente a boa reputação internacional da Guiné-Bissau, da qual, tem a responsabilidade, entre outras, enquanto Chefe de Estado.
Vimos por isso, solicitar solenemente, que faça uso das suas prerrogativas constitucionais e que demita com a maior urgência o senhor Fernando Gomes das suas funções.
Atentamente,
Idriça Djalo
Presidente Partido da Unidade Nacional- PUN
C.C. Presidente Assembleia Nacional Popular
Presidente Supremo Tribunal de Justiça
PAIGC acusa Procurador Geral da República de “prestação de serviço” ao seu mandante violando as leis
Califa Seide fez esta acusação esta segunda-feira numa conferência de imprensa, em reação ao impedimento de viagem do Presidente deste partido, Domingos Simões Pereira.
Seide disse que a Procuradoria Geral da República e seus responsáveis deveriam ser quem protege aos cidadãos e vela para que as leis sejam cumpridas mas que o país está hoje a assistir o contrário.
Para Califa Seide, quando um Procurador se refugia atrás de “inverdades” é porque já não tem argumento e quer só perseguir e humilhar uma pessoa fazendo serviço que satisfaça o seu mandante.
Califa Seide pediu a demissão do PGR, justificando que não se pode manter um Procurador que está a agudizar a crise se que vive no país, acrescentando que a democracia guineense está, há muito tempo, em crise e em perigo de acabar.
Segundo Seide, é tempo de o PAIGC dizer basta aos que estão a fazer perseguição política aos dirigentes e militantes do partido.
Disse que espera que a mesa de Assembleia Nacional Popular (ANP) vai reagir em relação à essa situação, que segundo Seide, põe em causa a ANP.
Disse que enquanto parlamentares dirigiram uma carta à mesa do parlamento para pronunciar sobre esta matéria porque está a pôr em causa um deputado da Nação, a deliberação da mesa da ANP, e assim como a resolução que saiu da sua plenária.
Afirmou que o seu partido está preparado e vai enfrentar esta luta como tinha enfrentado a luta da libertação nacional, sublinhando que quando a independência está sendo posta em causa.
Para a 2ª vice-Presidente, Maria Odete Costa Semedo, o dia 23 de julho ficou marcado como Dia da “vergonha nacional”.
“Foi a data de tentativa de implantação do medo no país”, disse acrescentando que não vai ter lugar no país de Cabral e dos combatentes da Liberdade da Pátria.
Odete Semedo pede oas guineenses em geral para ousarem lutar contra o que diz ser uma “ditadura”, em alusão ao impedimento de viagem ao líder do partido, Domingos Simões Pereira.
O Secretário Nacional do partido, Aly Hijazi disse que as atrocidades contra o PAIGC verificadas ao longo dos últimos anos terminam a partir de hoje.
Pede aos militantes e sipatix«zantes do PAIGC a terem a coragem de dizer “basta”
“Temos todos de dizer basta. Basta porque hoje é com Domingos Simões Pereira, mas amanhã pode ser com aquela pessoa que pensava que era intocável”, disse.
Sustentou que o seu partido está a responder à altura da provocação feita por certas pessoas que ele não identificou, responsabilizando as mesmas de tudo o que poderá acontecer a partir de hoje.
domingo, 25 de julho de 2021
Como é que alguém que faz ameaças de morte a um simples cidadão, pode ser considerado um activista político, social etc., etc.?
Por Fernando Casimiro
Como é que o Engº. Domingos Simões Pereira aceita ter no seu "núcleo de apoio", gente que ao invés de lhe acrescentarem algo de Positivo, apenas estão, cada vez mais, a empurrar-lhe para um beco sem saída?
Qual é o PROBLEMA do Engº. Domingos Simões Pereira em repudiar/condenar, PUBLICAMENTE, o uso abusivo do seu nome por parte de pessoas do seu "núcleo de apoio", que ameaçam de morte cidadãos guineenses; investem na calúnia e difamação; tudo, alegando estar em defesa do Engº. Domingos Simões Pereira?!
Não é chegada a hora de pôr um ponto final nisso?!
O Engº. Domingos Simões Pereira sabe a minha opinião a este propósito. Felizmente não temos problema de comunicação, por isso, dispenso comentários em jeito de resposta de todo aquele que entender ser seu representante face ao meu texto.
Positiva e construtivamente.
Leia Também: AMEAÇA DE MORTE, RECADOS E DESEJOS DE UM MOTORISTA DE NINO VIEIRA
Encontro de Juventude de MADEM G15 com sua excelência Sr. Coordenador do MADEM Braima Camara em Geba na sua residência
NIGÉRIA - Foram libertados 28 dos 121 jovens vítimas de rapto na Nigéria
Por LUSA 25/07/21
Os homens armados que sequestraram 121 adolescentes no início de julho, num internato escolar no noroeste da Nigéria, libertaram 28 dos reféns, informou hoje um funcionário da escola secundária cristã.
Em 5 de julho, 121 estudantes foram raptados no noroeste da Nigéria, depois de homens armados terem atacado um internato de uma escola secundária, no estado de Kaduna.
Os atacantes invadiram o Colégio Baptista Bethel, na cidade de Chikun, por volta das 2:00 locais (mesma hora em Lisboa), disparando esporadicamente antes de levarem um número ainda indefinido de estudantes, disse John Hayab, reverendo da Igreja Baptista e presidente do ramo regional da Associação Cristã da Nigéria.
Esse ataque foi o mais recente de uma série de sequestros em massa de crianças e estudantes no noroeste da Nigéria por grupos criminosos.
Hoje, o reverendo Hayab anunciou que 28 desses jovens tinham sido libertados, estando já junto dos seus pais.
"Os bandidos libertaram-nos ontem e nós fomos buscá-los no autocarro da igreja", disse o reverendo, acrescentando que as crianças passaram a noite na escola antes de as autoridades contactarem os seus familiares.
"Ao todo, temos 34 crianças que recuperaram a liberdade e 87 que ainda estão reféns dos bandidos", informou Hayab, esclarecendo que "cinco crianças fugiram em 21 de julho, duas delas foram encontradas pela polícia e as outras três conseguiram chegar à escola por conta própria".
Após o rapto de 5 de julho, os sequestradores exigiram comida e um resgate dos funcionários da escola para a libertação dos reféns.
"Conversámos muito com os bandidos. A igreja, mas também os pais, tiveram um papel importante" na sua libertação, explicou Hayab, concedendo que foi dado dinheiro aos sequestradores, mas sem revelar a quantia.
Os raptos de viajantes ou de figuras influentes para o pagamento de resgate são comuns no país mais populoso de África.
O grupo islâmico Boko Haram começou a realizar raptos em escolas, com o sequestro de mais de 200 meninas no dormitório de Chibok, em 2014, provocando a indignação na opinião pública mundial.
Nos últimos meses tem havido um aumento de raptos em massa em escolas no norte da Nigéria com o objetivo, em muitos casos, de obter resgates avultados e, segundo as autoridades, cerca de mil estudantes foram raptados desde dezembro.
O presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, ordenou às forças de segurança que fizessem tudo para libertar as crianças, mas o chefe de Estado tem sido fortemente criticado por a situação de segurança no país continua a piorar.
A empresa INACEP foi atribuída a responsabilidade e exclusividade na produção de documentos biométricos.
Em Bissau decorre a conferência alimentar e nutricional
INUNDAÇÕES - Bélgica sofre novos danos após tempestades violentas
Por LUSA 25/07/21
Fortes trovoadas atingiram a Bélgica na noite de sábado, provocando danos na província de Namur, dez dias após as inundações que fizeram 36 mortos no país, indicaram as autoridades.
Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), que cita um porta-voz do Centro Nacional de Crise, Antoine Iseux, não foram registadas vítimas.
As tempestades terminaram cerca das 23h00 (hora local) e a situação foi declarada "estabilizada", segundo a mesma fonte.
As fortes chuvas atingiram 11 municípios no vale do rio Meuse ao início da noite, causando inundações.
Imagens impressionantes de ruas transformadas em torrentes circulavam nas redes sociais, recordando as cenas vividas dez dias antes na província de Liège.
O porta-voz do Centro Nacional de Crise disse que a situação "não era comparável" às inundações de 14 e 15 de julho, mas as trovoadas causaram ainda assim danos materiais, inundando caves e danificando estradas, casas e carros.
Em Namur, capital da região francófona da Valónia, um muro desmoronou-se numa estrada perto do casino, abaixo da cidadela, e várias casas foram evacuadas.
Trinta quilómetros a sul, na cidade de Dinant, as chuvas também provocaram inundações, particularmente na área da estação ferroviária, arrastando carros que bloquearam uma passagem de nível.
A Bélgica foi atingida por inundações sem precedentes nos dias 14 e 15 de julho, na sequência de fortes inundações causadas por vários dias de chuva torrencial.
As inundações afetaram principalmente a região de Liège, na Valónia, provocando 36 mortos.
Sete pessoas continuam desaparecidas, de acordo com o mais recente balanço do Centro Nacional de Crise, divulgado no sábado.
Nações Unidas adotam primeira resolução sobre cuidados visuais
© iStock
Notícias ao Minuto 25/07/21
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, na sexta-feira, a primeira resolução sobre a visão, instando os 193 países-membros a garantirem o acesso a cuidados oftalmológicos.
A decisão pretende dar resposta às mais de mil milhões de pessoas que enfrentam problemas de visão e que atualmente não têm acesso a tratamento.
A resolução "Visão para todos", proposta por Bangladesh, Antígua e Barbuda e Irlanda, e apoiada por mais cem países, foi adotada por consenso e destaca que o acesso a cuidados oftalmológicos é essencial para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030.
O documento -- que não é vinculativo, mas demonstra "um compromisso inequívoco" global -- encoraja os países a adotar uma abordagem política aos cuidados oftalmológicos e apela a doadores e instituições internacionais que disponibilizem financiamentos específicos aos países em desenvolvimento para responder ao impacto crescente da perda de visão na economia e na sociedade.
"Globalmente, estima-se que as necessidades de cuidados oftalmológicos venham a aumentar substancialmente, com metade da população mundial a viver com alguma dificuldade visual até 2050", alertam as Nações Unidas.
Segundo a resolução, "pelo menos dois mil milhões de pessoas vivem com deficiências visuais ou cegueira e 1,1 mil milhões têm danos que podiam ter sido prevenidos ou que ainda não foram tratados".
A resolução foi apresentada por Rabab Fatima, embaixadora do Bangladesh nas Nações Unidas, que a considerou "uma oportunidade para mudar a vida de milhões" de pessoas.
Realçando que 90% dos 1,1 mil milhões de pessoas com problemas visuais vivem em países de baixo ou médio rendimento e que mais de metade dos cegos são mulheres e meninas, a embaixadora referiu que os custos da perda de visão para a economia global atingem os 350 mil milhões de euros em produtividade, a cada ano.
Milhares nas ruas do Brasil para exigir destituição do Presidente Bolsonaro
MadreMedia / Lusa
24.sapo.pt 24 jul 2021 23:11
Milhares de pessoas voltaram a sair hoje à rua em vários estados do Brasil, exigindo a destituição do Presidente, Jair Bolsonaro, maior rapidez na vacinação contra o novo coronavírus e mais apoios sociais.
Naquela que foi a quarta vaga de protestos no país em menos de dois meses, os protestos, convocados por centrais sindicais, partidos de esquerda e movimentos sociais, decorreram de forma pacífica, ao longo do dia de hoje.
As manifestações mais concorridas ocorreram em São Paulo, cidade mais populosa do país e também a mais afetada pela pandemia, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e Brasília, onde os manifestantes se concentraram em frente ao Congresso, exigindo uma decisão sobre a destituição do Presidente.
A gestão de Jair Bolsonaro está a ser bastante questionada por suspeitas de corrupção, nomeadamente na compra de vacinas, multiplicando-se as petições a favor da sua destituição.
Jair Bolsonaro, que tem adotado atitudes negacionistas em relação à covid-19, é contestado pela gestão da pandemia, num país que regista mais de 548 mil mortos e 19,6 milhões de contágios.
“Fora Bolsonaro”, “Bolsonaro genocida” e “Vacina para todos” eram algumas das palavras de ordem nos cartazes, segundo relata a agência Efe.
Segundo a Folha de São Paulo, uma ampla maioria dos manifestantes usou máscara durante os protestos, mas houve pontos de aglomeração.
Em mais de 400 cidades de 20 estados brasileiros, os manifestantes exigiram também a aceleração do processo de vacinação e o aumento dos apoios de emergência para que os mais desfavorecidos possam enfrentar a crise que acompanhou a pandemia e já atirou 14,8 milhões para o desemprego.
O número de infetados e mortos por covid-19 no Brasil desceu substancialmente no último mês, mas apenas 17 por cento da população já completou o ciclo de vacinação.
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Comissário Nacional da POP afirma desconhecer as ordens de impedimento de viagem ao líder do PAIGC
“Eu enviei uma pessoa para fazer o check-in e apareceu uma senhora a dizer que não posso fazer o check-in e viajar por ordens superiores”, afirmou Domingos Simões Pereira em declarações hoje à Lusa.
Confrontado com a situação à margem da visita que o Inspector Geral do Ministério do Interior dos Emirados Árabes Unidos efectuou hoje as instalações do Ministério do Interior , o Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública Tomás Djassi disse que ainda não têm conhecimento sobre o assunto.
“Vocês estão a constatar que recebemos a visita do Inspector Geral do Ministério do Interior dos Emitrados Árabes Unidos e por isso não temos nenhuma informação sobre o impedimento ou não da viagem ao líder do PAIGC”, salientou Tomás Djassi.
Segundo a Lusa, Domingos Simôes Pereira promete deslocar ao aeroporto de Bissau para perceber exactamente quais são as ordens superiores que o empeça de viajar.
O empresário guineense veríssimo Nancassa, próximo do PAIGC também foi impedido de viajar em junho, por “ordens superiores”.
Na sequência do empedimento de viagem ao empresário, a imprensa guineense noticiou a existência de uma lista de pessoas impedidas de viajar.
Na altura, as autoridades guineenses, nomeadamente o Minsitério do Interior, disseram desconhecer totalmente a existência de qualquer lista.
Líder do PAIGC impedido de sair da Guiné-Bissau
Por DW.COM.PT
O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, foi hoje impedido de fazer o 'check-in' no voo da Euroatlantic com destino a Lisboa, confirmou o próprio à agência Lusa.
O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, confirmou à agência Lusa: "Eu enviei uma pessoa para fazer o 'check-in' e apareceu uma senhora a dizer que não posso fazer o 'check-in' e viajar por ordens superiores".
O líder do PAIGC disse que vai ao aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, para perceber exatamente quais são as "ordens superiores".
O empresário guineense Veríssimo Nancassa, próximo do PAIGC, também foi impedido de viajar em junho por "ordens superiores".
Na sequência do impedimento de viagem do empresário, a imprensa guineense noticiou a existência de uma lista de pessoas impedidas de viajar.
Na altura, as autoridades guineenses, nomeadamente o Ministério do Interior, disseram desconhecer totalmente a existência de qualquer lista.
LÍDER DO PAIGC IMPEDIDO DE VIAJAR PELO SERVIÇO DA MIGRAÇÃO E FRONTEIRAS GUINEENSE
O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e antigo primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, denunciou esta sexta-feira, 23 de julho de 2021, que perante ausência de qualquer documento, o departamento da migração invoca a “ordem superior” para impedi-lo de viajar, sem nenhuma explicação sobre os fundamentos legais...@Radio Bantaba
Guiné-Bissau: "Ditadura" ou "democracia em excesso"?
Por DW.COM.PT 23.07.2021
Fernando Vaz, porta-voz do Governo, nega que o país esteja a caminhar para a ditadura, como denunciam sociedade civil e analistas. Na Guiné-Bissau, "se calhar, vive-se de uma forma excessivamente democrática", contrapõe.
Desde a instalação, há mais de um ano, das atuais autoridades guineenses, nenhuma manifestação contra o regime foi aceite e em várias ocasiões cidadãos manifestantes foram espancados pelas forças da ordem. A sociedade civil tem vindo a alertar para a violação de direitos dos cidadãos e para o declínio da liberdade de expressão.
Agora, várias vozes consideram que também a liberdade do exercício religioso pode estar em causa na Guiné-Bissau. Isto, depois de o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, ter alegadamente "interferido" nos assuntos da religião muçulmana, indicando 21 de julho, quarta-feira, como dia da celebração de Eid al-Adhua (Tabaski), contra a vontade de uma parte daquela comunidade.
Umaro Sissoco Embaló |
"Foram várias manifestações impedidas pelas forças de segurança, que deviam ser garantia das liberdades e direitos, mas são usadas para violentar os cidadãos", exemplifica Gueri Gomes.
Em declarações à DW África, o porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, rejeita as acusações: "Mesmo que houvesse a proibição de um dos direitos, o que não houve, isso não quer dizer que estamos a caminhar para a ditadura. Acho que é uma força de expressão que não traduz aquilo que é liberdade".
O responsável vai mais longe: "Aqui na Guiné-Bissau, se calhar, mais do que em qualquer país do mundo, vive-se de uma forma bastante democrática, se calhar, excessivamente democrática".
"Em democracia, o limite deve ser a lei"
Polícia junto à sede da UNTG, a 14 de julho. |
Depois de, no passado 14 de julho, ter sido vítima da carga policial e impedida de realizar a manifestação de rua, contra os impostos e "altos” subsídios dos governantes, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) prepara-se para mais um protesto em Bissau. O jurista Luís Vaz Martins apoia a resistência da central sindical, sublinhando a legalidade: "O direito à manifestação é constitucional e não se pede permissão a quem quer que seja".
O jurista considera "positivo que a UNTG continue a persistir no exercício de um direito que lhe é garantido pela Constituição, porque esse direito à resistência faz parte da lógica daquilo que deve funcionar num Estado de Direito e Democrático".
Para o jornalista Assana Sambú, cabe aos governantes resolver a atual tensão política e social: "É preciso que haja um clima de entendimento, que haja um clima facilitado pela boa confiança, transmitida por quem está no poder, permitir sinal de confiança e permitir que sejam criadas condições necessárias para que se sente à mesma mesa e se encontre as possíveis soluções".
Angola: Crianças procuram sustento no lixo em Luena
A fuga à paternidade influencia no número de crianças e adolescentes nas ruas frias da capital do Moxico, Luena. Para acudir a fome, muitas vendem resíduos plásticos que encontram em contentores de lixo.
Em trocs de um quilo de arroz, crianças e adolescentes tornam-se estafetas na descarga de produtos diversos de um contentor de lixo em Luena. As desavenças no seio familiar fazem com que as crianças vão viver na rua, referenciou a líder da Organização da Mulher Angolana (OMA), na província do Moxico, Juliana Uini.
"Um casamento são gera filhos sãos. Ao contrário, casamento com desavenças gera filhos que vão à rua a procura de sustento, o que não é normal - principalmente nesta fase de pandemia em que nos encontramos. Os pais devem ser responsáveis pelos seus atos, não permitir às crianças pernoitarem na rua, salvaguardando o futuro delas", avalia.
Evaristo é um menino de 13 anos de idade. Acompanhado dos seus dois irmãos mais novos, conta que recolhe e vende plástico para garantir o sustento da família.
"Viemos procurar plástico para vender. Basta pesar um quilo e nos vão pagar 100 Kwanzas [menos de um euro]. Com o dinheiro que ganhamos compramos comida", relata o petiz.
Fuga à responsabilidade
Sobre a fuga à paternidade, o jurista e docente universitário Augusto Tomás defende maior contundência das instituições de direito na resolução do problema.
O Moxico tem apenas um centro social de reintegração |
"É pertinente que as instituições sociais sejam mais contundentes a agirem positivamente contra este mal", considera.
Augusto Tomás apela aos pais e encarregados de educação "a tomarem maior atenção, cumprindo com as suas obrigações, prestando alimentos aos petizes - sem se esquecer do Estado que, como um ente coletivo, tem a obrigação devida, pelo que se lhe apela a criar melhores condições e melhoramento das políticas sociais, por forma a mitigar paulatinamente este mal".
Crianças a viver na rua
A província angolana do Moxico tem apenas um centro social de reintegração, o Lar Ana Jetu pertencente à Igreja Católica, que acolhe crianças e adolescentes abandonados. O centro tem capacidade para cerca de 150 pessoas, mas alberga atualmente 19 crianças por falta de camas e outros meios. O coordenador Francisco Viegas revela que só na cidade de Luena cerca de 300 crianças vivem na rua.
"Se a Igreja Católica não pusesse sempre a mão, este lar desapareceria", afirma.
Indignado e incrédulo, o sociólogo João Pedro considera a situação "uma lástima e uma vergonha para a província do Moxico".
"Sendo uma das províncias mais populosas de Angola, com tantas crianças abandonadas, não é concebível que tenha apenas um lar de acolhimento. O Executivo angolano deve criar centros de acolhimento e reintegração das crianças e adolescentes desfavorecidas, bem como implementar o subsídio de desemprego para que os pais não se refutem das suas responsabilidades por falta de meios financeiros", conclui.
A DW solicitou uma reação ao Instituto Nacional da Criança, mas o responsável não aceitou prestar declarações.