Caros compatriotas, chegou o momento de tratarmos com rigor o destino da nação que nos pertence.
Fernando Dias e Domingos Simões Pereira iniciaram, desde junho, uma estratégia calculada de instabilidade, com claras pretensões de ruptura institucional. A tentativa de produzir um cenário de golpe fracassado não se sustentou, mas deixou marcas inequívocas no ambiente político.
A reunião dos anciãos Balantas em Nhacra elucidou o clima que se viveu em Bissau na véspera da divulgação dos resultados eleitorais. As declarações ali produzidas provocaram uma fissura profunda nas Forças Armadas, cuja composição é majoritariamente Balanta. Esse ambiente gerou tensões internas sérias, sobretudo diante da possibilidade de os resultados não favorecerem o candidato Fernando Dias, que, prematuramente, se autoproclamara vencedor apenas três horas após o encerramento das urnas.
Quando um Chefe de Estado perde o controlo efetivo das tropas, resta-lhe apenas negociar a retirada digna do comando e assegurar a própria integridade. O General Umaro Sissoco Embaló, ponderando os riscos para a estabilidade nacional, não ofereceu resistência. Recebeu proteção institucional até a sua saída do país — atitude que só foi possível graças à postura patriótica do General Biaguê N’Tam, cuja conduta corresponde ao que se espera de um verdadeiro Chefe Militar.
O Alto Comando das Forças Armadas assumiu o poder para evitar um derramamento de sangue que seria inevitável caso os resultados fossem anunciados num ambiente já inflamado. Fernando Dias e Domingos Simões Pereira haviam semeado ressentimento e hostilidade entre segmentos dos Brasa (Balantas), ao mesmo tempo em que tentavam manipular o processo eleitoral com apoios obscuros de figuras conhecidas no narcotráfico nacional.
A narrativa que tentam impor — a de que o Presidente foi derrubado por um golpe dos seus próprios homens — é uma distorção que subestima a inteligência do povo. Em qualquer cadeia de comando, a ruptura vem sempre de dentro, e é precisamente por isso que a responsabilidade política torna-se inescapável.
Os factos históricos não podem ser ignorados. Cumba Ialá foi removido do poder sem derramamento de sangue num contexto de divergências profundas entre os quartéis Balantas do Norte e do Sul. Essas fraturas internas, persistentes até hoje, explicam grande parte da instabilidade crónica que assombra o país.
Ussumane Sonko deveria reconhecer essa história — uma história dura, dolorosa e complexa — antes de se permitir comentários irónicos ou levianos.
Este é um alerta sereno, mas firme, de um guineense que ama a sua pátria e que analisou todo o processo com distanciamento crítico, sem defesa de interesses particulares. A Guiné-Bissau precisa de políticos orientados pelo dever nacional, não por ambições pessoais.
Bissau, 01/12/2025
Anónimo, carregando a dor do seu país.

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