Por CAP GB
Bissau, 03-10-2025 - Num movimento que testa a sua influência diplomática e capacidade de mobilização, o presidente da república, Umaro Sissoco Embaló, está a despontar como chefe da orquestra da campanha não declarada do ex-Presidente senegalês Macky Sall para o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas. De acordo com informações publicadas pela revista Jeune Afrique e citadas pelo site senegalês Seneweb, Embaló está a utilizar a sua rede de contactos e a sua posição para pavimentar o caminho do seu "irmão mais velho" político para o topo da diplomacia global.
Segundo as revelações, Macky Sall, que ainda não é candidato oficial, já iniciou uma campanha discreta para suceder a António Guterres. A pedra angular desta estratégia passa por mobilizar o apoio de um grupo restrito de chefes de Estado africanos, que atuarão como embaixadores informais junto dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido).
É neste ponto que o leadership do Presidente guineense se torna decisivo. A revista Jeune Afrique identifica Umaro Sissoco Embaló como "o mais empenhado" neste papel de lobby, tendo já "multiplicado os contactos" nesse sentido. A investida diplomática de Embaló vai além das conversas nos corredores do poder. Num testemunho direto à publicação, o líder da Guiné-Bissau não poupou elogios ao ex-homem forte do Senegal, apresentando-o como o candidato ideal.
"As Nações Unidas precisam de um secretário-geral respeitado, experiente e credível. Macky Sall preenche todos os requisitos", declarou Embaló, demonstrando total confiança na viabilidade da candidatura. Ele garantiu que Macky Sall poderá contar com o apoio consolidado de África, do mundo muçulmano e da Ásia.
A confiança de presidente cessante, estende-se ao núcleo duro da decisão na ONU, o Conselho de Segurança. Embalo, que tem cultivado relações com diversas potências, partilhou a sua análise geopolítica com a Jeune Afrique, afirmando "Quanto aos membros permanentes do Conselho de Segurança, creio saber que a China, a Rússia e a França se pronunciarão a seu favor."
Esta empreitada demonstra a capacidade de Embaló em ler a maquina internacional e da sua crença em conseguir articular apoios fundamentais entre potências com interesses por vezes divergentes. A menção a estes três países, em particular, sugere uma estratégia bem definida para angariar o consenso necessário.
A campanha está prestes a entrar numa fase mais concreta. De acordo com as mesmas fontes, o Presidente Umaro Sissoco Embaló deverá desembarcar em Dakar já no próximo dia 6 de outubro. O objetivo central da visita será, presumivelmente, discutir o assunto com o seu homólogo senegalês, o Presidente Bassirou Diomaye Faye.
Esta reunião coloca uma questão política delicada sobre a mesa, o atual líder do Senegal, que sucedeu a Macky Sall após um período de tensão política, irá endossar oficialmente a ambição do seu predecessor uma questão para o sábio responder , certo é que o apoio do Senegal, o país de origem do candidato, é considerado um elemento vital e simbolicamente inegociável para qualquer tentativa séria. A capacidade de USE em convencer ou negociar este apoio com Faye será um teste à eficácia da sua missão.
A atuação do Presidente Umaro Sissoco Embaló nesta empreitada vai além de um mero gesto de camaradagem. Ela projeta-o como um leader regional ativo, com ambições de ser um broker de influência em assuntos continentais e globais. O sucesso ou fracasso desta missão para colocar Macky Sall à frente da ONU servirá como um barómetro significativo do seu peso diplomático real e da sua capacidade de mobilizar apoios em torno de uma causa de alto nível, solidificando ou não, a sua reputação como um dos principais mediadores políticos em África.

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