UM PIVÔ REGIONAL DERRUBADO
O golpe militar na Guiné-Bissau, que depôs o Presidente Umaro Sissoco Embaló em novembro de 2025, destruiu um paradigma emergente de segurança regional e expôs uma vulnerabilidade crítica para Cabo Verde. O mandato de Embaló representou uma iniciativa apoiada pelo Ocidente para reduzir o papel da Guiné-Bissau como hub de trânsito de cocaína para a Europa. Sua queda, coincidindo com a expansão diplomática dos EUA na região, evidencia os riscos de navegar numa geopolítica complexa sem inteligência independente.
O MODELO EMBALÓ: CONTRA O TRÁFICO E ALINHAMENTO INTERNACIONAL
Embaló implementou reformas profundas:
• REVITALIZAÇÃO DO SETOR DE SEGURANÇA: Reestruturação de lideranças militares e de segurança historicamente coniventes com o tráfico.
• ESTRUTURAS LEGAIS E FINANCEIRAS: Reforço das leis anti-lavagem de dinheiro e da capacidade judicial.
• PARCERIA INTERNACIONAL: Cooperação com DEA, INTERPOL, UNODC e agências europeias.
• CONTROLE DE INFRAESTRUTURAS: Monitoramento portuário e marítimo ampliado.
As medidas receberam reconhecimento internacional e consolidaram o alinhamento político com Cabo Verde, incluindo honrarias de ex-presidentes e apoio de autoridades atuais.
EXPANSÃO DIPLOMÁTICA
Em julho de 2025, Embaló anunciou a construção de uma embaixada dos EUA em Bissau; simultaneamente, os EUA constroem outra em Praia. Estes projetos indicam uma estratégia ocidental integrada, envolvendo segurança, governança e comércio, que fortalece laços com Cabo Verde e a Guiné-Bissau.
O GOLPE
O golpe suspendeu a constituição e colocou em dúvida o futuro das reformas anti-tráfico. Para Cabo Verde, expôs a incapacidade de antecipar ou reagir a crises regionais e revelou que outras potências, como China e França, podem explorar a instabilidade.
A LACUNA DE INTELIGÊNCIA DE CABO VERDE
Sem uma agência própria ou coleta regional de dados, Cabo Verde depende de análises estrangeiras, principalmente ocidentais, comprometendo sua soberania. O país não consegue verificar a estabilidade de parceiros, avaliar impactos regionais ou formular política externa baseada em análise própria. Nesse contexto, a presença crescente dos EUA é tanto uma oportunidade quanto um risco de influência externa.
O IMPERATIVO DA SOBERANIA
A ascensão e queda de Embaló, a expansão das embaixadas e o déficit de inteligência revelam um imperativo claro: neutralidade sem capacidade não é soberania. Cabo Verde deve investir em inteligência estratégica independente, liderada por civis, para avaliar ameaças, alianças e decisões geopolíticas. O desafio é transformar atenção externa em capacidade própria de proteger seu futuro.
PAICV - Partido Africano da Independência de Cabo Verde
MpD - Movimento para a Democracia
Grupo Parlamentar do MpD Grupo Parlamentar do PAICV UCID Ulisses Correia E Silva
Francisco Carvalho Cabo Verde

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