Por SIC Notícias
Navios de tamanho industrial, europeus e chineses, operam como fábricas flutuantes. Ao largo do Senegal capturam tudo o que encontram, sem distinção entre espécies comerciais e animais protegidos. As consequências são devastadoras: biodiversidade em declínio, ecossistemas marinhos degradados e comunidades locais sem sustento.
Diana Seck é bióloga marinha e todos os dias testemunha os efeitos desta prática desta pesca excessiva.
"Encontrámos um golfinho já em estado avançado de decomposição. Morrem, os animais apanhados nas redes. Se forem lançados ao mar, acabam por dar à costa. Há milhares de navios no mar. É chocante. Pensar nas consequências… é um desastre."
A situação afeta diretamente os pescadores locais, que há gerações dependem do mar para sobreviver. Arfa Ndiagne tenta sobreviver num pequeno barco de pesca. Mas o peixe que consegue apanhar já não é suficiente para sustentar a família. O pescador senegalês pondera vender o barco e enviar os filhos para a Europa.
"Esses navios ameaçam-nos. Cortam as nossas redes. Se vejo um, recolho a rede e fujo. Já não tenho esperança. Antes apanhava muito peixe, agora não."
Esta crise foi debatida na última Cimeira dos Oceanos das Nações Unidas, no verão passado. Apesar da urgência, a proposta para reforçar a proteção dos oceanos falhou. Ainda assim, Diana Seck mantém a esperança.
"O mar pode recuperar, mas a pesca industrial tem de parar. Continuaremos o nosso trabalho, não vamos desistir. A pesca excessiva não é apenas uma questão ambiental. É também um problema social."
A recuperação dos oceanos depende de decisões globais, mas o impacto já se faz sentir localmente, onde o tempo escasseia para quem vive do mar.
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