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Por LUSA 15/07/22
A missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) anunciou hoje que o Egito retira os seus 'capacetes azuis' em meados de agosto, que o Cairo justifica com ataques que já provocaram este ano sete mortos entre os seus militares.
O anúncio da retirada e consequente suspensão das atividades do Egito no Mali foi feito pelo porta-voz da Minusma, Olivier Salgado.
"Confirmamos que o Egito, através da sua Missão Permanente junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, manifestou no início da semana a sua preocupação com o aumento dos ataques contra as suas forças de paz que escoltam os comboios que abastecem as nossas bases no centro e norte do Mali. Esses ataques causaram a morte de sete soldados egípcios desde o início do ano", lê-se num comunicado assinado por Olivier Salgado.
"Fomos informados que o contingente egípcio suspenderá temporariamente suas atividades dentro da Minusma a partir de 15 de agosto", acrescentou.
A ONU tem sempre afirmado que a segurança das suas forças de paz é uma prioridade.
Atualmente, o Egito contribui com cerca de 1.030 soldados e 24 funcionários para a missão da ONU no Mali.
A Minusma tem 17.609 efetivos destacados no Mali (15.209 dos quais são militares ou polícias), e é há anos a missão mais perigosa da ONU, enfrentando ataques de grupos fundamentalistas islâmicos que atuam com relativa liberdade em toda a metade norte do país.
O anúncio egípcio ocorre dias depois da junta militar no poder no Mali ter detido 49 militares costa-marfinenses -- motivando fortes críticas de Abidjan -, e de ter divulgado na quinta-feira a suspensão da rotação dos contingentes de 'capacetes azuis' da Minusma.
A decisão de suspender as rotações surge num contexto de tensão crescente com todas as missões estrangeiras no país, principalmente o contingente francês, mas também a própria Minusma.
O mandato da Minusma, presente no Mali desde 2013, foi renovado por um ano em 29 de junho, mas com a "firme oposição" do Mali à liberdade de circulação destes para investigações relacionadas com os direitos humanos.
O Mali foi palco de dois golpes militares em agosto de 2020 e maio de 2021.
A crise política anda a par de uma grave crise de segurança, desde 2012, marcada por rebeliões secessionistas e atividades de movimentos fundamentalistas islâmicos no norte que se estenderam a outras zonas do país e aos vizinhos Burkina Faso e Níger.
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