O principal opositor ao Governo senegalês, Ousmane Sonko, vai permanecer detido, depois de ter sido presente hoje a um juiz, no contexto da agitação levantada em todo o país pela sua detenção, informaram os seus advogados.
"Sonko regressou à custódia policial, e mantém-se a detenção, no contexto do caso de perturbação da ordem pública", disse um dos seus advogados, Etienne Ndione, à comunicação social, em declarações no exterior do tribunal em Dacar.
A custódia policial, que começou na passada quarta-feira, foi prolongada até hoje e deverá terminar no domingo, segundo os seus advogados.
Vários distritos da capital senegalesa, assim como várias cidades do Senegal, conhecido como um território de estabilidade na África Ocidental, foram palco de confrontos entre jovens e forças policiais, saques e pilhagens de lojas, especialmente de origem francesa, após a detenção de Sonko na quarta-feira.
O representante das Nações Unidas na África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, apelou hoje à "calma e contenção" no país, depois da deplorar "os atos de violência ocorridos nos últimos dois dias em várias localidades do Senegal, que resultaram na morte de uma pessoa e em muitos feridos", segundo uma declaração divulgada pelos serviços do representante do secretário-geral da ONU na região.
Ibn Chambas instou igualmente as autoridades senegalesas a "tomarem as medidas necessárias para acalmar a situação e assegurar o direito constitucional à manifestação pacífica".
O diplomata apelou ainda "às forças de segurança para garantirem a segurança dos manifestantes e dos bens com profissionalismo e respeito pela lei".
Sonko foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública, quando se dirigia ao tribunal onde foi intimado a responder a acusações de violação.
A detenção do terceiro classificado nas eleições presidenciais de 2019, que deverá ser um dos principais candidatos nas eleições presidenciais de 2024, enfureceu os seus apoiantes.
Por outro lado, dizem muitos senegaleses, trouxe à tona a exasperação acumulada no país, muito afetado economicamente pela pandemia de covid-19.
Sonko, 46 anos, é alvo de uma queixa por violação e ameaças de morte, apresentadas no início de fevereiro por uma funcionária de um salão de beleza, onde o político recebia massagens para, segundo o próprio, aliviar dores de costas.
Personalidade com um perfil antissistema e discurso impetuoso, o deputado refuta as acusações e diz-se vítima de uma conspiração patrocinada pelo Presidente, Macky Sall, com o objetivo de o manter fora das próximas eleições presidenciais em 2024.
Sall negou estas insinuações no final de fevereiro, mas desde então tem mantido silêncio sobre o caso.
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