Por Jorge Herbert
É preciso notar que o fenómeno de “retorno às fontes”, quer seja aparente ou real, não se produz de maneira global, simultânea e uniforme no seio da pequena burguesia autóctone. É um processo lento, descontínuo e desigual, cujo desenvolvimento, ao nível de cada indivíduo, depende do grau de aculturação, das condições materiais de existência, da formação ideológica e da própria história enquanto ser social.
Esta desigualdade está na base da cisão da pequena burguesia autóctone em três grupos distintos, face ao movimento de libertação:
a) uma primeira minoria que, apesar de desejar o fim da dominação estrangeira, se prende à classe colonial dominante e se opõe abertamente a esse movimento para defender a sua segurança social;
b) uma maioria de elementos hesitantes ou indecisos;
c) uma segunda minoria cujos elementos participam na criação e direção do movimento de libertação, de que são o principal elemento de fecundação.
Amílcar Cabral
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