O Presidente da Gâmbia, no poder há 22 anos e que contesta a sua derrota nas presidenciais, afirmou na terça-feira que não deixará o poder antes de uma decisão da justiça sobre o seu pedido de anulação do escrutínio.
"Não partirei" enquanto a justiça não decidir, declarou Yahya Jammeh numa declaração transmitida pela televisão na noite de terça-feira.
A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) "tenta empurrar-me para fora, isso não vai acontecer", adiantou, assegurando que a posse de Adama Barrow, declarado vencedor das presidenciais de 01 de dezembro, não acontecerá a 19 de janeiro como defende aquela organização regional.
Jammeh, 51 anos, admitiu inicialmente a derrota, mas uma semana mais tarde voltou atrás e recusou aceitar o resultado das eleições, alegando irregularidades na votação. Alguns dias depois o seu partido pediu ao Supremo Tribunal para anular os resultados das eleições, ganhas por Barrow com 19 mil votos de diferença.
A CEDEAO já enviou uma missão de quatro chefes de Estado a Banjul para convencer Jammeh a deixar o poder. Sem sucesso.
Também o representante da ONU na África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, defendeu que o Presidente gambiano cessante deve "estar pronto a ceder o poder" em janeiro. Dia 19 termina o mandato de cinco anos de Jammeh.
Na cimeira de 17 de dezembro da CEDEAO, os dirigentes oeste-africanos decidiram "garantir a segurança e proteção" de Adama Barrow e deslocarem-se à Banjul para a sua posse como chefe de Estado a 19 de janeiro.
"Não serei intimidado por qualquer potência no mundo", disse Jammeh na noite de terça-feira, considerando que só será feita justiça se "se organizar uma nova eleição, para que cada gambiano vote".
"E esta é a única maneira de resolver esta questão de forma pacífica e equitativa", insistiu.
A União Africana considerou que as eleições do início de dezembro foram "livres e transparentes" e defendeu uma transferência de poderes "rápida e pacífica" para preservar a estabilidade e a democracia na Gâmbia e em toda a região.
Jammeh chegou ao poder em 1994 através de um golpe de Estado e é há muito acusado por organizações de defesa dos direitos humanos de deter, torturar e assassinar opositores.
Por Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário