segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ex-primeiro-ministro guineense leva PAIGC de volta à Internacional Socialista

O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) voltou hoje às reuniões da Internacional Socialista, com o seu presidente a assumir que apesar da saída do Governo, é importante preservar o "ambiente de tranquilidade" na Guiné-Bissau.

Domingos Simões Pereira falava à Lusa em Luanda, à margem do segundo encontro anual Internacional Socialista, que marcou o regresso do partido que lidera o Governo da Guiné-Bissau ao contacto com os restantes partidos da mesma família política, após vários anos de ausência face à instabilidade no país.

"Vimos sobretudo com a expectativa de retomar uma participação mais efetiva e consequente nesta família da Internacional Socialista. Como sabe, já há alguns anos que, por força das vicissitudes internas, a Guiné-Bissau, o PAIGC, deixou de marcar presença nesses encontros. Já há algum tempo que a nível regional o fazemos e agora podemos considerar que a nível mundial estamos de volta à família da Internacional Socialista", disse Domingos Simões Pereira.

Depois de um golpe de Estado a 12 de abril de 2012 e eleições gerais (legislativas e presidenciais) dois anos depois, a Guiné-Bissau voltou a enfrentar um impasse governativo há três meses.

Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, eleito primeiro-ministro, foi demitido em agosto pelo Presidente da República, José Mário Vaz, por alegadas divergências. O novo Governo foi empossado no dia 13 de outubro, após um acordo entre o Presidente e o PAIGC, que indicou Carlos Correia, vice-presidente do partido, para o cargo de primeiro-ministro.

"É uma situação que obriga à nossa mobilização plena. Estamos a acompanhar a evolução da da situação, estamos crentes de que vamos poder consolidar um ambiente de tranquilidade e de paz para uma governação consequente", explicou Domingos Simões Pereira.

O dirigente do PAIGC e ex-primeiro-ministro assumiu ainda, à Lusa, que já interiorizou "sem qualquer tipo de problema" a decisão.

"Não é o que nos preferíamos, não é nem o nosso 'plano B', mas aceitamos. Penso que, chegado a este ponto, o país e os objetivos que os guineenses perseguem têm que ser colocados no primeiro lugar. Eu congratulo-me com o facto de o meu vice-presidente do partido ser neste momento o primeiro-ministro, alguém que eu penso que merece não só respeito mas a admiração de nós todos", disse.

"Aceito o que a realidade nos ditou: nos próximos três anos o José Mário Vaz é o nosso Presidente da República, espero que o Carlos Correia seja o nosso primeiro-ministro, e que juntos sejamos capazes de criar um ambiente de tranquilidade. É isto que o país precisa e eu estarei pronto para dar a minha contribuição nesse sentido", garantiu ainda o líder do PAIGC, à margem dos trabalhos da reunião da Internacional Socialista em Luanda.

Questionado sobre se ainda se sente injustiçado por ter abandonado o cargo de primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira desvalorizou.

"Sim, mas a questão da justiça tem que ficar, neste caso, em segundo plano se os objetivos maiores forem conseguidos", concluiu.

Diário Digital com Lusa


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