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Por LUSA 05/10/21
A União Europeia (UE) e os seus Estados membros pediram hoje ao Governo etíope que revogue "sem demora" a sua decisão que levou à expulsão de sete altos funcionários das agências humanitárias da ONU do país.
"Instamos ao Governo da Etiópia a revogar sem demora a sua decisão", condenada "veementemente" pelo bloco europeu, afirmou o Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, numa declaração em nome da União Europeia e dos seus Estados membros.
O chefe da diplomacia europeia sublinhou que é "imperativo que as organizações de direitos humanos e de ajuda humanitária possam realizar o seu trabalho sem obstáculos".
Esta decisão "corre o risco de minar ainda mais a possibilidade de levar ajuda a milhões de etíopes em situação humanitária extrema", lamentou.
Além disso, segundo Borrell, as organizações de ajuda enfrentam obstáculos diários contínuos para levar ajuda às pessoas necessitadas do Tigray e em outras partes do norte da Etiópia.
O Governo etíope anunciou na quinta-feira a expulsão de sete altos funcionários da ONU que foram declarados 'persona non grata' por "intromissão nos assuntos internos do país" e deu-lhes 72 horas para deixarem a Etiópia, o que já fizeram.
A medida foi adotada depois de organizações humanitárias denunciaram o acesso limitado à região norte do Tigray.
A ONU alertou repetidamente sobre a grave crise humanitária na região do Tigray e outras áreas e denunciou em várias ocasiões as dificuldades que está a enfrentar para levar ajuda à população.
As organizações internacionais no país africano "precisam urgentemente de um ambiente propício que lhes permita continuar com o seu trabalho diário para salvar vidas", disse Borrell, observando que "milhões de pessoas, em toda a Etiópia, dependem de sua ajuda para sobreviver".
O alto representante europeu afirmou que o trabalho humanitário é realizado sempre pelos princípios da humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência, sublinhando ainda que "a salvaguarda destes princípios garante que a ajuda vá onde é mais necessária".
A guerra começou em 04 de novembro, quando o Governo etíope lançou uma ofensiva contra a Frente Popular de Libertação do Tigray (FPLT), partido que governava a região na época, em retaliação a um ataque a uma base militar federal.
Em 28 de junho, o executivo etíope anunciou um "cessar-fogo humanitário unilateral" e o exército retirou-se de várias cidades da região do Tigray -incluindo a capital, Mekele.
Entretanto, as forças amharas -- grupo étnico etíope que estavam a lutar ao lado do Governo e anexaram áreas sobre as quais reivindicam direitos históricos --permaneceram na região.
Nesse contexto, os rebeldes do Tigray recuperaram terreno e o conflito espalhou-se para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.
Na sua declaração, a UE e os seus Estados-membros exortaram todas as partes em conflito a proteger as operações humanitárias e o seu pessoal, bem como a conceder um acesso seguro, rápido e desimpedido, em conformidade com o direito humanitário internacional.
Desde novembro, milhares de pessoas morreram, cerca de dois milhões foram deslocados internamente no Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com dados oficiais.
Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma "crise de fome" no norte da Etiópia devido à guerra, alertou o Programa Alimental Mundial (PAM) no mês passado.
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