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Notícias ao Minuto 29/09/22
As conversas telefónicas entre os militares russos e as famílias foram intercetadas e o New York Times teve acesso a esses registos. Chamadas mostram o desânimo das tropas enviadas para a Ucrânia.
Sete meses depois de a invasão das tropas russas na Ucrânia ter começado, a 24 de fevereiro, os relatos continuam a chegar - e se, do lado ucraniano, a realidade é de perda e morte, do lado russo chegam também manifestações contra a guerra.
"Putin é um idiota. Quer tomar Kyiv. Mas não vamos conseguir", disse um dos soldados, identificado como Aleksandr.
Já um outro soldado, Vlad, anuncia uma decisão: "Quando voltar para casa, vou desistir. Que se lixe o exército".
Numa nova investigação, publicada na quarta-feira, o New York Times conseguiu aceder a chamadas telefónicas entre os soldados que passaram pelo campo de batalha e as suas famílias e amigos - conversas que, após a mobilização, Putin quer restringir, dado que proibiu os cerca de 300 mil reservistas mobilizados na última semana de levarem um telemóvel, ficando sujeitos a conversarem com a família apenas por um telefone.
Alegadamente, esta proibição é feita por razões de segurança, por forma a que as imagens eventualmente partilhadas pelos soldados não sirvam para identificar os locais, onde treinam e onde estão.
"Devido a razões de segurança, é proibido utilizar telemóveis nos territórios onde estão unidades militares", explica numa linha de informações sobre a mobilização, citada pela Sky News.
Há também vários militares que contam durante as conversas que foram enganados pelo Kremlin. "Ninguém nos disse que íamos para a guerra. Avisaram-nos no dia antes de partirmos", explicou Sergey ao telefone com a mãe, Já Nikita, contou a um amigo sobre a má preparação para ir para a guerra: "Treinámos durante dois ou três dias".
Também a brutalidade é descrita por Sergey. "Deram-nos ordens para matar todas as pessoas que virmos", diz.
Ouça aqui todos os outros registos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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