segunda-feira, 30 de março de 2020

Com Nova Iorque no centro da pandemia e estimativas que superam os 100 mil mortos, Trump prevê que o pico do surto aconteça em duas semanas

O presidente Donald Trump disse este domingo, 29 de março, que o pico da taxa de mortalidade nos Estados Unidos causada pela pandemia do novo coronavírus deve ocorrer em duas semanas. A estimativa é de que milhões de norte-americanos sejam infetados pelo novo coronavírus e entre 100.000 e 200.000 morram, alertou o consultor da Casa Branca e especialista em doenças infecciosas nos EUA, Anthony Fauci.

Na sequência desta previsão de duas semanas, Trump anunciou a prorrogação da recomendação do governo de distanciamento social, até 30 de abril.

"Durante a Páscoa deveremos chegar ao número máximo. Portanto, ampliaremos nossas orientações até 30 de abril, para travar a propagação do vírus", disse.

"A partir desse momento, o total de casos deve começar a diminuir, e é de se esperar que seja muito substancial. Nada seria pior do que cantar vitória antes do tempo. É muito importante que todos sigam estritamente as orientações", pediu o presidente norte-americano.

As estimativas de Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA e consultor da Casa Branca, todavia, não são animadoras. Fauci disse que, perante os dados atuais e as tendências de evolução da pandemia, haverá milhões de norte-americanos infetados e que o número de mortes poderá ser muito elevado, podendo atingir cerca de 200.000 pessoas, nos cenários mais pessimistas, se não forem aplicadas medidas de prevenção eficazes.

Trump todavia, disse que esperar que o país "esteja no caminho da recuperação" em 1 de junho, e antecipou que, na próxima terça-feira, fará um "anúncio importante" sobre a estratégia do governo no combate à Covid-19.

O novo coronavírus já infectou mais de 140 mil pessoas nos Estados Unidos, com mais de 2500 mil mortes.

A cidade de Nova Iorque está a tornar-se o epicentro da pandemia nos EUA. O estado norte-americano de Nova Iorque superou no domingo as mil mortes de infetados com a covid-19, um mês após se detetar o primeiro caso e quando há nove dias se registavam apenas 35 mortos.

O primeiro caso de infeção conhecido no estado foi descoberto a 01 de março num profissional de saúde, que regressara recentemente do Irão. Dois dias depois, o estado anunciou o segundo caso, um advogado do subúrbio de New Rochelle.

A 10 de março, o governador Andrew Cuomo declarou uma “área de contenção” em New Rochelle que obrigou ao fecho de escolas e espaços de culto. Nesse mesmo dia, a região metropolitana registou a sua primeira fatalidade: um homem que trabalhava em Yonkers e morava em Nova Jersey.

A 12 de março, o estado proibiu todas as reuniões de mais de 500 pessoas e encerrou os teatros da Broadway e as arenas desportivas. O prefeito da cidade de Nova Iorque, Bill De Blasio, ordenou o fecho das escolas a 15 de março.

Restrições mais severas ocorreram cinco dias depois, quando Cuomo ordenou que todos os trabalhadores não essenciais ficassem em casa, barrou reuniões de qualquer dimensão e instruiu qualquer pessoa no espaço público a ficar a pelo menos um metro de distância das outras pessoas.

Por essa altura, somente 35 nova-iorquinos infetados com a covid-19 tinham morrido. Ou seja, apenas nove dias antes destes últimos números.

Para apoiar o combate ao vírus, um hospital de campanha começou a ser construído este domingo, 29 de março no Central Park, para atender ao fluxo crescente de pacientes com Covid-19.

A estrutura foi criada pela Samaritan's Purse, uma organização humanitária evangélica com sede na Carolina do Norte, que enviou cerca de 60 pessoas para o local.

A intervenção foi coordenada com o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, a Agência Federal para a Gestão de Emergências dos Estados Unidos (Fema) e o grupo Mount Sinai.

"Esperamos estar a operar em 48 horas, prontos para receber pacientes", disse o médico Elliott Tenpenny, coordenador da equipa, segundo o qual o hospital terá capacidade para 68 pacientes.

Também em solidariedade para com Nova Iorque, a ex-estrela da NBA, Stephon Marbury, que agora é técnico na China, disse que tem um acordo com um fabricante chinês para fornecer 10 milhões de máscaras protetoras contra coronavírus à sua cidade natal.

O New York Post informou este domingo que Marbury, cujas 13 temporadas na NBA incluíram cinco ao serviço dos New York Knicks, tem um acordo para fornecer máscaras para trabalhadores de hospitais.

"No fim das contas, sou do Brooklyn", disse Marbury ao Post. "É algo íntimo e do meu coração poder ajudar Nova Iorque". "Tenho uma família em Coney Island, tenho muitos familiares que foram afetados por isso, então sei o quão importante é que as pessoas tenham máscaras durante este período".

Marbury entrou em contato com o presidente do condado de Brooklyn, Eric Adams, para coordenar a distribuição, que será de dois milhões durante cinco semanas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 697 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 33.200.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 6.528, entre 78.747 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (mais de 124 mil).

Dos casos de infeção, pelo menos 137.900 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 382 mil infetados e mais de 23 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos registados até hoje.

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.439 casos (mais de 75 mil recuperados) e regista 3.300 mortes.

Os países mais afetados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.640 mortes reportadas (38.309 casos), a França, com 2.606 mortes (40.174 casos) e os Estados Unidos com 2.351 mortes (132.637 casos). Na Alemanha existem mais de 50 mil pessoas infetadas e registaram-se 389 vítimas mortais.

O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu para 142 com os casos acumulados a aproximarem-se dos 4.500 casos em 46 países, segundo a mais recente atualização das estatísticas sobre a pandemia.

Por LUSA

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