15 de agosto de 2019

CLIMA - Negacionistas das alterações têm mais atenção mediática que cientistas

As personalidades que negam as alterações climáticas têm beneficiado de mais atenção mediática que os climatologistas, criando uma confusão no grande público e o enfraquecimento da luta contra o aquecimento global, segundo um estudo publicado esta semana.


Para fazer o estudo, divulgado na revista Nature Communications, os investigadores analisaram cem mil artigos da imprensa escrita e divulgados na internet, publicados entre 2000 e 2016, procurando citações e nomes de várias centenas de climatologistas de primeiro plano e um número igual de universitários, empresários e políticos que se declaram céticos em relação às alterações climáticas ou que as atribuem a causas "naturais".

Os autores do estudo, dirigido por Alexander Petersen, da Universidade da Califórnia, em Merced, escreveram: "Descobrimos que a visibilidade dos negacionistas das alterações climáticas foi 49% mais importante que a destas".

Mesmo no seio de uma seleção da comunicação social anglófona de primeiro plano, como o New York Times, o Guardian ou o Wall Street Journal, os negadores das alterações climáticas foram mais citados.

Segundo a informação científica, a temperatura média global aumentou um grau centígrado desde os tempos pré-industriais, devido às emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades humanas, com os climatologistas a avisarem, desde há muito, para as ameaças que o aquecimento global coloca à espécie humana.

"Os que estão contra a corrente em termos de alterações climáticas conseguiram organizar uma posição forte no seio da comunicação política e científica", realçaram os autores do estudo.

"Tal desproporção na visibilidade mediática dos argumentos e dos atores contra a corrente desnatura a repartição das opiniões dos peritos" e "mina" a credibilidade dos climatologistas, acrescentaram.

Este desequilíbrio é reforçado pelo efeito amplificador das redes sociais, como a Facebook e a Twitter, segundo o estudo.

Depois da publicação em outubro de um relatório alarmante de um grupo de cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a questão do aquecimento global ganhou importância entre o grande público e multiplicaram-se as manifestações a exigirem ações contras as alterações climáticas. Alguns governos ocidentais comprometeram-se em atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Mas os meios de comunicação tradicionais continuam apesar de tudo a servir de plataforma a afirmações duvidosas, desacreditadas inclusive, sobre as alterações climáticas, concluíram.

NAOM

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