terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ramos-Horta denuncia partidos políticos com milícias armadas



Bissau - O Representante do Secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, denunciou, este fim-de-semana, 30 de Novembro e 1 de Dezembro, que existem no país formações políticas com «milícias armadas».

José Ramos-Horta afirmou que há elementos armados no país, para além das Forças Armados da Guiné-Bissau e da Polícia de Ordem Pública, sublinhando a necessidade de se proceder ao desarmamento deste grupo que classificou como «milícias armadas».

«É necessário que os partidos políticos, aqueles que tiverem elementos ou milícias armadas, se desarmem, porque não podem haver num país como a Guiné-Bissau ou num país civilizado, milícias armadas.

Neste país há elementos armados além das polícias e dos militares», confirmou José Ramos-Horta. Neste sentido, o Chefe do gabinete da ONU em Bissau apelou aos militares, enquanto autores do golpe de Estado do ano passado, no sentido de prestigiarem a imagem do tempo da luta armada de libertação, e de mudarem dando um passo em frente rumo ao reencontro do povo, alterando o comportamento e evitando imiscuir-se na vida pública.

Segundo Ramos-Horta deve evitar-se qualquer comportamento de indisciplina e de ameaça à população civil, o que não exige muito, apenas uma declaração pública de compromisso solene, passando aos actos e visando o respeito ao Estado de direito e à democracia, de forma a não intervir no processo democrático, no poder judicial e na actividade dos jornalistas.

O Representante do Secretário-geral da ONU deu a entender que tem sido ouvido pelas chefias militares e citou o Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, António Indjai, sublinhando que o sinal de esperança seria muito maior se os responsáveis militares o ouvissem e seguissem os seus conselhos, de forma a alterarem os seus comportamentos e não se envolverem na vida política.

José Ramos-Horta pretende que a liderança militar não continue a ser uma ameaça que paira no ar para os políticos, tendo sublinhado o factor «diálogo» para eliminar as dúvidas, os medos e as desconfianças.

O ex-Presidente timorense disse que os militares guineenses são temidos pelo seu povo, o que não deve acontecer no pleno século XXI.

«Os militares devem reconciliar-se com a nação porque não pode haver Exército que seja temido pelo povo. Este deve ser respeitado conforme rege a Constituição mas, no caso da Guiné-Bissau, os militares são temidos pelos guineenses devido aos seus actos ou pelos recentes acontecimentos», explicou o Nobel da Paz, em declarações à rádio on-line «gumbe.com».

Sem comentários:

Enviar um comentário